segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Henri Toivonen / Rallye de Portugal

As seis passagens de Henri Toivonen pelo nosso rallye foram como a sua vida ... rápida e espectacular !!!
Era esse o "gozo" que Toivonen tirava das corridas, tentava ser sempre o mais rápido, levando-o muitas das vezes a não saber "levantar o pé" na hora certa para poder transformar o rápido andamento em vitórias.
A sua primeira passagem por Portugal foi no ano de 1978 integrado na equipa oficial Citroen que fazia correr os CX 2400 GTI e acompanhado por Juha Paajanen, acabaria por desistir em Relvas/Lousã por ... acidente.
1978 - Citroen CX 2400 GTI a primeira vez em Portugal
Toivonen voltou a Portugal dois anos depois mais uma vez fazendo parte de uma equipa de fábrica, a Talbot que tinha no Talbot Sumbean Lotus de grupo 2 um carro à altura do talento do finlandês. E se no ano de 1980 Toivonen desta vez com Antero Lindqvist acabou por desistir na Cabreira com problemas no eixo traseiro, em 1981 Henri desta vez com o inglês Fred Gallagher ao seu lado acabou num brilhante 2º lugar apenas batido pelo seu conterrâneo Markku Alén e o seu Fiat 131 Abarth. Foi a única vez que Toivonen acabou o nosso rallye.
1981 - Talbot Sumbean Lotus aqui na célebre ponte da Cabreira
Em 1982 voltou acompanhado de Fred, mas desta vez integrado no Opel Rothmans Team com o fabuloso Opel Ascona 400 e mais uma vez, Henri ficou pelo caminho com na Lousã 1 com problemas de embraiagem.
1982 - Opel Ascona 400
Novamente um interregno de dois anos no Rallye de Portugal e regressa em 1984 agora na equipa Martini / Lancia que por essa altura disputavam o mundial com os Lancia Rally 037. Foi um 1ª secção da 1º etape quase de sonho, pois os troços de Lagoa Azul / Peninha / Sintra que seriam disputados por três vezes, viam Toivonen agora com Juha Piironen no banco do lado, bater os recordes dos troços em cada uma das passagens  até ... até que no troço 
1984 - Lancia Rally 037 quem viu a ronda de Sintra não vai esquecer
Sintra 2 na descida da Rampa da Pena a estrada foi estreita de mais para a exuberante condução do finlandês e os muros não perdoaram o erro de Toivonen. Mais uma desistência em Portugal e logo com um  começo que prometia um grande rallye.
Novo interregno de um ano para voltar novamente em 1986 na estrutura Martini / Lancia e agora com Sergio Cresto numa altura em que Henri estava a ganhar consistência e os resultados começavam a surgir, infelizmente não podemos confirmar isso, pois foi o trágico ano do acidente de Joaquim Santos na Lagoa Azul que levou os pilotos de fábrica em protesto pela falta de segurança a que o público os colocava, a abandonarem em sinal de protesto. 
1986 - Lancia Delta S4 a  sua última vez em Portugal
Infelizmente o fim deste espectacular finlandês voador estava perto, pois sensivelmente dois meses depois, na Volta à Corsega viria a morrer assim como Sergio Cresto num acidente

Um podium para recordar - San Marino / Imola 1982

Devido à guerra FIA / FOCA por causa das desclassificações no GP Brasil, tinha sido "decretada" uma greve para o GP de San Marino.
Enquanto a Brabham, McLaren, Williams e Lotus cumpriram o boicote a Tyrrell, Osella, ATS e Tolman furaram o mesmo e juntaram-se às equipas "não alinhadas" a Ferrari, Renault e Alfa Romeu e lá se veio a realizar o GP que parecia ter tudo para ser calmo.
Reparem na cara de "poucos amigos" de Villeneuve
Mas efectivamente não foi um GP calmo, pois quando os dois Renault que comandavam a corrida desistiram, deixaram os dois Ferraris de Villeneuve em primeiro seguido de Pironi no comando da corrida, estando o terceiro classificado já muito atrás e que era o italiano Alboreto com um Tyrrell atmosférico. 
A luta do 1º lugar entre Pironi e Villeneuve foi aos limites
A Ferrari devido a problemas de consumo deu ordem aos seus pilotos para manterem os lugares e reduzirem o andamento, para assim chegarem ao fim sem problemas.
Quando Villeneuve viu Pironi passar por ele, não ligou pois pensava ser uma manobra para animar a prova, mas que as ordens da equipa iriam prevalecer, e que voltas depois Pironi iria facilitar a ultrapassagem.
Quando o canadiano a determinada altura "ataca" a posição de Pironi, fica estupefacto por o francês lhe fechar a porta.
Alboreto com o Tyrrell 011 conseguiu um excelente 3º lugar
Daí para a frente foi uma guerra sem quartel entre os dois pilotos do Ferrari 126C, tentando Villeneuve de toda a maneira e feitio passar Pironi mas sem sucesso.
Os pilotos acabaram por ver a bandeira de xadrez por esta ordem o que deixou Villeneuve completamente fora de si, pelo que quando se dirigiam ao podium o levou a dizer "Eu nunca mais na minha vida vou falar ao Pironi".
A vida tem destas coisa e por ironia do destino a frase virou verdade, pois duas semanas depois, com os dois pilotos de relações cortadas, Villeneuve acaba por falecer num  violento acidente nos treinos do GP Bélgica em Zolder.


















sábado, 27 de fevereiro de 2016

Rallye de Portugal 1982

Michele Mouton / Fabrizia Pons
Et voilá mademoiselle Mouton !!!
Pela primeira vez uma senhora ganhava uma prova do Campeonato do Mundo.
Michele Mouton acompanhada de Fabrizia Pons no Audi Quattro ganhava o Rallye de Portugal.
Per Eklund / Spjuth Ragnar
Na segunda posição ficava o Sueco Per Eklund com Spjuth Ragnar com o Toyota Celica 2000 GT, logo seguido pelo terceiro Audi oficial desta vez entregue a Franz Wittman e Peter Diekmann.
Franz Wittman / Peter Diekmann
O melhor português neste ano foi Carlos Torres / Filipe Lopes com o Ford Escort RS 1800 de grupo 4 e conseguindo um magnifico quarto lugar da geral.
Carlos Torres / Filipe Lopes
Na vitória por grupos, os quatro primeiros da geral eram carros do grupo 4, mas o quinto lugar da geral e que foi o primeiro grupo B, surpreendentemente foi o francês Alain Coopier / Laloz Joséphe com um Citroen Visa Trophé.
Alain Coopier / Laloz Joséphe
O grupo 2 foi ganho pelo português Ferreira Cunha / Carlos Resende com um Opel Ascona 2.0 que conseguiram ficaram no "top ten" com um brilhante sétimo lugar.

Rohrl apesar de andar desta maneira não conseguiu terminar a prova
Nos novos grupos o A foi ganho por um outro português António Segurado / Pedro Sena com um Ford Escort RS 2000 no décimo segundo lugar da geral, e o grupo N ganho pelo hoje presidente da FPAK Manuel Mello Breyner com Aragão Teixeira num Peugeot 104 ZS em décimo nono da geral.

Therier outro piloto sempre a dar espectáculo mas que não acabou
Nos pilotos que não acabaram a prova podiamos ver os eficazes Opel Ascona 400 guiados por Rohrl e Toivonen, o Audi de Mikkola, que era apontado como o grande favorito, 
Salonen com uma condução exuberante também não chegou ao Estoril
 Waldegard no Toyota Celica 2000 GT, Jean-Luc Therier que no alcatrão andou muito depressa mas os pisos de terra foram um grande inimigo do belo Porsche-Almeras. Por fim os Nissan Violet GTS guiado pelo sempre espectacular Salonen e pelo eficaz Tony Pond, apesar da afamada resistência dos carros nipónicos também não conseguiram chegar ao fim desta edição do Rallye de Portugal. 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Freddy Kottulinsky

Winfried Philippe Adalbert Karl Graf Kottulinsky Freiherr von Kottulin (bolas estou cansado)... ou simplesmente como ficou conhecido Freddy Kottulinsky !!!
Descendente de uma família da antiga nobreza austríaca, Freddy nasceu em Munique a 20 de Julho de 1932.
Em 1953 resolveu ir viver para a Suécia em Schleiz onde se estabeleceu com uma oficina de reparação de automóveis. 
Freddy ao volante do Lotus 35 com que foi campeão da Suécia
Freddy com o seu Formula 2 
Freddy na década de sessenta resolveu começar a correr com licença sueca em formulas, passando pelos Vee, formula 3 e formula 2.
No ano de 1966 chegou mesmo ao título sueco de formula 3 com um Lotus 35 Cosworth.
Com Ove Andersson nas 24 horas Nurburgring
No entanto Freddy estava sempre atento ao que se passava a nível desportivo na "sua" Alemanha, mas com a sua vida centrada na Suécia optou pela dupla nacionalidade.
Em 1970 Kottulinsky fez parte da equipa sueca que disputou, e ganhou a Taça da Nações de Formula 3, na companhia de Torsten Palm e Ronnie Peterson.
Em 1973 junto a Ove Andersson num Toyota Celica disputou as célebres 24 horas de Nurburgring para turismos.
Freddy no Rallye de Portugal 1979
Talvez pelo "contágio" de Ove Andersson, Freddy começa a deixar as provas de circuito para se dedicar aos rallyes, e é então que nasce uma relação com a Audi e que vai durar até se aposentar. Freddy Kottulinsky fez parte da primeira equipa que a Audi Motorsport montou em 1979 e 1980 para fazer provas do Campeonato do Mundo de Rallyes com o Audi 80 GLE de grupo 2. Foi nessa altura que Freddy Kottulinsky passou por Portugal (conforme já escrevi noutra crónica).
Esta equipa da Audi foi para o terreno fazer a "aprendizagem" para mais tarde entrarem com um modelo ultra inovador e competitivo.
Vencedor do Dakar de 1980 neste VW Iltis 4WD
Freddy continuou a sua ligação com a Audi para além das corridas pois esteve ligado a diversos departamentos de inovações tecnológicas, cursos de condução etc.
Em 1980 o ponto alto da sua carreira de piloto aconteceu.
Susanne Kottulinsky filha de Freddy
A Audi tinha dado luz verde para uma operação "encoberta" no Dakar através de um modelo da sua associada VW foi montado todo um sistema de tracção integral, diferenciais e caixa de velocidades que posteriormente seria montado no Audi Quattro. Freddy Kottulinsky foi escolhido para guiar um dos VW Iltis 4WD devido aos seus grandes conhecimentos teóricos e práticos que tinha de mecânica, e com isso acabou por ganhar a edição de 1980 do célebre Paris / Dakar.
Mikaela Ahlin Kottulinsky neta de Freddy
Freddy Kottulinsky viria a falecer em 4 de Maio de 2010 em Karlstad, mas ainda 4 anos antes de falecer, com 74 anos, esteve ao volante de um Datsun 240 Z  a disputar o AVD - Histórico Marathon 400 no Nurburgring.
A família Kottulinsky tem o ADN da competição no seu genes, pois a filha de Freddy correu em rallyes na Suécia e não só, com Volvos e Audis tendo como navegadora a conhecida Tina Thorner. 
Mas a família não fica por aqui, pois a filha de Susanne, e neta de Freddy, Mikaela Ahlin Kottulinsky, ainda hoje concorre e com algum sucesso na Audi TT Cup.
Realmente à famílias assim ... viradas para a competição como os Kottulinsky


Rallye de Portugal 1979

Os Audis 80 GLE na fila para as verificações técnicas
Foi em 1979 que a Audi começou a fazer uma tímida aparição nos rallyes.
Aproveitando como base o seu modelo 80 GLE com um motor de 4 cilindros de 1.588 cm3 com tracção dianteira e 112 HP para 912 Kg de peso, isto claro na versão de estrada, fez um robusto e eficaz (e se me permitem bonito) carro de grupo 2.
Para atacar o Rallye de Portugal/Vinho do Porto de 1979 duas equipas muito homogéneas.
#14 - Freddy Kottulinskt / Michael Schwagere
#16 - Harald Demuth / Arwed Fischer
Depois de uma prova muito regular, e como se sabe muito dura como era norma do nosso Rallye, os dois carros da Audi Motorsport conseguiram acabar a nossa prova num brilhante 6º lugar de Demuth e logo a seguir em 7º lugar ficou Kottulinsky.
Como disse foi um começo tímido, que acabou numa revolução histórica com a incorporação dos sistema 4WD no seu modelo Audi Quattro e tudo o que mudou nos Rallyes a partir daí.
Freddy Kottulinsky / Michael Schwagere durante a prova



domingo, 14 de fevereiro de 2016

José Carlos Pace

José Carlos Pace, também conhecido pelo "Moco", nasceu em São Paulo no dia seis de Outubro de mil novecentos e quarenta e quatro. Contemporânio dos irmão Fittipaldi, Emerson e Wilson, começou a correu em sessenta e três nos turismos e formulas V brasileiros.

Em mil novecentos e setenta, resolveu procurar na Europa o sonho de ser piloto profissional e começou pela formula 3 britânica com um Lotus conseguindo vencer o campeonato. 




Em mil novecentos e setenta e um fez uma época de formula 2 com a equipa de Frank Williams. Com a equipa Williams, que tinha um March 711, entrou no ano seguinte na formula 1. Nesse mesmo ano fez formula 2 com a Surtees e correu também com a Shadow na série Can-Am. Foi o ano mais preenchido de José Carlos Pace, pois além disso ainda fez corridas de resistência com a equipa Gul-Mirage tendo como colega de equipa Derek Bell





José Carlos Pace em mil novecentos e setenta e três fez o campeonato de formula 1 com a Surtees TS14 e foi também companheiro de equipa de Arturo Merzario na mítica Ferrari guiando nas corridas de resistência o modelo 312 PB da casa de Maranello. Nesse ano Moco e Merzario acabaram em 2º lugar as 24 horas de Le Mans


Em mil novecentos e setenta e quatro, Moco centralizou a sua actividade na formula 1 e tendo começado a época com um pouco competitivo Surtees TS16, viria a abandonar a equipa a meio da época e acabou a mesma na equipa Brabham com o modelo BT42




Em mil novecentos e setenta e cinco continuou com a Brabham e o modelo BT44B que lhe viria a dar a sua única vitória em formula 1 e logo no seu grande prémio, Brasil. 
No ano seguinte, mil novecentos e setenta e seis a Brabham fez um acordo com a Alfa-Romeu que passou a fornecer os potentes motores Boxer V12 mas frágeis que substituíram os fiáveis V8 Ford Cosworth. Foi um ano complicado para a equipa pois o Brabham BT45 nunca se mostrou um carro competitivo.




No primeiro grande prémio da época, de mil novecentos e setenta e sete José Carlos Pace fez um bom 2º lugar na Argentina, ainda que com o modelo antigo
No entanto com as evoluções feitas no novo Brabham BT45B e também com as melhorias no motor Alfa-Romeu o carro era muito mais competitivo.





Mas o destino não deixou "Moco" provar a competitividade do novo carro e inesperadamente no dia dezoito de Março viria a falecer em consequência de um acidente de avião, em Mairiporã perto de São Paulo.



Em sua homenagem o circuito de Interlagos, perto do local do acidente, passou a ter o seu nome, assim como um busto seu.
José Carlos Pace deixou uma legião de fãs que acreditavam que o brasileiro poderia ter o mesmo triunfo que o seu conterrâneo Emerson Fittipaldi e chegar ao titulo mundial.