sábado, 14 de maio de 2016

O último gentleman da formula 1

Elio de Angelis este italiano, natural de Roma onde nasceu a 26 de Março de 1958, era herdeiro de uma das famílias mais ricas de Itália. Várias vezes foi referido na formula 1 como o "último gentleman" na boa linha de tantos outros pilotos do passado que tinham uma filosofia sobre a F1 muito diferente da dos últimos (largos) anos.
de Angelis tinha tido uma educação esmerada nos melhores colégios e além de falar várias línguas era um pianista exímio, mesmo a nível profissional.
Decoração de Elio, mais tarde seguida por Alesi
Nas formulas de promoção, vitória no Mónaco em 1978
Mas mesmo com a paixão que tinha pelo piano, foram as corridas de automóveis que o chamaram, apesar dos eforços do pai, Giulio, que foi várias vezes campeão de powerboat (inshore e offshore) nos anos 60 e 70, o tentar atrair para a motonáutica. Tendo começado pelo karting, no ano de 1977 entrou para os formulas e sagrou-se campeão italiano de F3. Logo no ano seguinte deu o "salto" para a formula seguinte a 2 onde num Ralt / Ferrari disputou o campeonato europeu e inglês, mas foi nesse ano de 1978 que foi fazer a mítica corrida de F3 no Mónaco e acabou por ganhar. Estava lançada a sua entrada para o mundo da F1.
1979 entrada na F1 com a Shadow
1980 entrou para a equipa Lotus /Essex
Foi com a modesta Shadow que Elio de Angelis fez a entrada na F1, mas foi uma época de aprendizagem e com poucos resultados, mas com o suficiente impacto para em 1980 Colin Chapman lhe propor um lugar na equipa Lotus que nesse ano com o apoio da Essex fazia correr o modelo 81 com motor Ford Cosworth. No meio da época de 1981 com os problemas financeiros surgidos com a Essex, foi a vez de os Lotus retomarem a cor negra e dourada da JPS e com o novo modelo 87.
Primeira vitória em F1, Austria 1982 com Lotus 87
Em 1982 consegue a sua primeira (de duas) vitória na F1 com o JPS / Lotus 87 bateu Keke Roseberg num Williams por escassos décimos de segundos no grande prémio da Austria, numa das vitórias, até hoje, com a margem mais curta da formula 1.
Três nomes grandes da F1, Decarouge, Senna e de Angelis
Em 1983 a Lotus passa a ter o motor do momento o V6 turbo da Renault que equipava o modelo desse ano o 93T assim como os modelos do ano (1984) seguinte 94T e 95T.
1986 nova equipa a Brabham / BMW
Com a nova época de 1985 chegou o novo modelo 97T assim como um novo colega de equipa, Ayrton Senna. Elio de Angelis sentiu nessa época que Senna monopolizava a equipa e ele queria mais, apesar da competitividade do Lotus, resolveu tomar o lugar de Nelson Piquet que tinha deixado a Brabham.
Assim ficou o Brabham BT55 depois do acidente
Em 1986 Gordon Murray tinha desenhado o Brabham BT55 com o fabuloso motor BMW 4 cilindros turbo e uma aerodinâmica revolucionaria motivo suficiente para Elio estar a 100% envolvido no projecto.
Apesar do bom 8º lugar na primeira prova seguiram-se 4 desistências, pelo que era preciso testar para resolver os problemas e foi assim que a equipa foi parar a Paul Ricard.
Como se vê não são comissários que tiraram Elio do carro
No dia 14 de Maio, quando a asa traseira se partiu a alta velocidade, obrigando o Brabham a capotar por cima dos rails e se incendiar de seguida. Infelizmente de Angelis não conseguiu sair do carro e como eram testes particulares não havia o numero mínimo de comissários e assistência médica, pelo que os socorros foram lentos, e só 30 minutos depois Elio de Angelis é evacuado de helicóptero para o hospital em Marselha. Infelizmente de Angelis morreu 29 horas depois não pela fractura da omoplata nem pelas queimaduras ligeiras nas costas, mas sim pela inalação de fumos altamente tóxicos.
A tal greve dos pilotos de F1 em 1982

Assim estupidamente, aos 28 anos e ainda com muito para dar à formula 1, morre um piloto que sem duvida nenhuma era um grande piloto, embora sem ser o mais rápido de todos era um dos mais consistentes e calculista piloto da sua época. Acabou por alinhar em 108 grandes prémios, fez 3 poles, 9 pódios e duas vitórias nesta
Elio de Angelis foi o grande animador da greve com os seus concertos
Uma curiosidade foi na greve em 1982 que a GPDA (associação de pilotos de grande prémio) fez antes dos primeiros treinos livres do grande prémio da África do Sul, por causa de umas novas normas impostas pela FIA na super-licença. Seguiram todos de autocarro para uma sala do Sunnyside Park Hotel, bem longe do circuito para evitar pressões da parte dos directores de equipa, onde se mantiveram até à manhã dos treinos cronometrados e o grande animador era precisamente de Angelis com os seus recitais de piano que iam de Mozart e Bach até aos Beatles.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Greve na formula 1

No fim da época de 1981 e antes do primeiro grande prémio de 1982 a FIA resolveu introduzir novas cláusulas que imprimiu em letras muito pequenas nas super-licenças que os pilotos iam assinando e levantando sem dar por nada.
Reunião de pilotos antes dos treinos livres
Quando da realização do primeiro GP da época na África do Sul, em Kyalami o recém regressado à F1 após dois anos de ausência, Niki Lauda viu as novas cláusulas e alertou de imediato o presidente da GPDA (associação de pilotos de grande prémio) o piloto Didier Pironi que também de imediato reuniu e alertou todos os pilotos para as novas cláusulas, que basicamente deixavam os pilotos nas mãos dos chefes de equipa, pois impediam que durante a época pudessem guiar para outra equipa ou tomar qualquer atitude que pudesse ser interpretada como prejudicial à imagem da equipa.
O autocarro arranjado à pressa para levar os pilotos
Ecclestone (FOCA) e Balestre (FIA) os homens fortes
Alguns pilotos dormindo em colchões no salão
A decisão de partirem para uma greve foi imediata, como também foi quase de imediato que os pilotos entraram todos num autocarro a abalaram para o Sunnyside Park Hotel, bem longe do circuito onde ficaram instalados num salão a aguardar pelas comunicações de Pironi que por sua vez ficou em Kyalami a negociar com Jean-Marie Balestre, para enorme desespero dos chefes de equipas, em particular de Frank Williams e Bernie Ecclestone este também presidente da FOCA (associação construtores de formula 1).
Nelson Piquet era dos pilotos mais revoltados com a FIA
Os "crackes" da bola refressam de uma peladinha
Os pilotos faziam de tudo para "matar" o tempo, enquanto Pironi enfrentava uma batalha enorme para abolir as ditas cláusulas, mas estava confiante por ter os seus colegas unidos e longe, fora de possíveis pressões dos chefes de equipa. A tal unanimidade dos pilotos, infelizmente não se manteve pois Jochen Mass que desde a primeira hora não estava de acordo com a greve, abandonou os pilotos e regressou ao circuito e à sua equipa. Mais tarde durante a noite alegando que ia ao wc, Teo Fabi também "desertou" mas os restantes dos pilotos estavam unidos.
Elio de Angelis ao piano
O tempo era passado com as tradicionais "peladinhas" e com os soberbos concertos de piano dados por Elio de Angelis que tocava como um profissional, e por um Villeneuve transformado em cantor, a interpretar as músicas de Scott Joplin.
Pironi presidente da GPDA foi o grande negociador 
Finalmente a partida do GP África do Sul 1982
Mas longe dali as negociações estavam difíceis levando a FIA inclusive a ameaçar anular a corrida e fazer outra uma semana depois com novos pilotos. Só na manhã dos treinos cronometrados as duas partes chegaram a bom porto, com a FIA a abolir as novas cláusulas e com os pilotos a voltarem para fazer o que mais gostam ... guiar e depressa.
Ainda houve alguma tensão no regresso dos pilotos com o inconformado Ecclestone a obrigar Piquet a um exame médico e a pôr os dois carros com o #2 dando a entender que Piquet não correria. Foi preciso Pironi voltar a ameaçar com a greve para tudo voltar ao normal ... ou quase.
Alain Prost viria a vencer o grande prémio
Arnoux fez a pole, seguido de Piquet e Villeneuve. No dia seguinte a corrida acabaria por ser ganha por Alain Prost depois de ter furado, seguido de Reutemann e Arnoux.
Depois da prova, a FIA suspendeu todos os pilotos, menos os dois fura-greves, e obrigou-os a pagar uma multa para recuperar a super-licença mas claro sem as malditas cláusulas.