terça-feira, 10 de abril de 2018

Cesare Fiorio

Nascido em Turim a 26 de Maio de 1939 este italiano que se formou em Ciência Politica, nunca chegou  a "trabalhar" directamente na área da sua formação académica, embora que como director desportivo, o seu trabalho ao longo dos anos, seja preciso muita ciência e alguma (se calhar muita) política.
Quando em 1961 Fiorio corria no seu Lancia Appia Zagato e se sagrou campeão italiano velocidade na classe 1.150cc, estava longe de saber a longa e frutífera ligação que iria ter com o grupo Fiat.
Cesare Fiorio e o seu Lancia Appia Zagato em 1961
Ingressou para gerir a parte desportiva da Lancia, através do seu departamento de competição que ele criou em 1963 com a designação de HF (High Fidelity) siglas que também passaram a figurar nos modelos desportivos da marca, com os seus "elefantes vermelhos".
Com Sandro Munari no tempo dos Lancias Fluivia HF e Stratos HF
Nas diversas funções que exerceu ao longo da sua carreira no grupo Fiat, Fiorio conquistou 18 títulos mundiais.
10 títulos mundiais de rallyes sete com a Lancia (1972/4/5/6 - 1983 - 1987/8) e três com a Fiat (1977/8 - 1980).
O Lancia Stratos um dos míticos modelos da marca
que foi uma revolução nos rallyes. Fiorio junto a
 Claudio Maglioli um dos preparadores Lancia
No mundial de pilotos (rallyes) também esteve em 5 títulos, ganhos por Sandro Munari 1977, Markku Alén 1978, Walter Rohrl 1980, Juha Kankkunen 1987 e Miki Biasion 1988.
No capítulo da velocidade, e ainda na Lancia conquistou 3 títulos de no mundial de resistência.
No mundial de resistência com Michel Alboreto um dos seus pilotos
Em 1989 Cesare Fiorio foi chamado para gerir a parte desportiva da Scuderia Ferrari, tarefa sempre muito complicada devido à obrigatoriedade do "nome" Ferrari vencer o que nem sempre é possível. Esta relação com o grupo Fiat que vinha de 1963 acaba em 1991 precisamente por grandes divergências com a presidência da Ferrari. Cesare Fiorio fez um interregno na gestão desportiva para continuar a exercer, agora a "full-time" a sua outra paixão ... a motonáutica.
O bonito powerboat da Martini "rendeu" vários títulos
Fiorio correu nos powerboat sendo duas vezes campeão do mundo e seis vezes campeão europeu e ganhou 31 GP.
Além destes títulos Fiorio foi o "cérebro" do projecto montado para bater o recorde da travessia do oceano Atlântico em 1992 com o barco baptizado de "Destriero" que conseguiu em 58 horas e 34 minutos atravessar o oceano, tempo esse que até hoje ainda não foi batido.
Destriero o nome do barco que bateu recorde de travessia do Atlântico
No entanto o cheiro a borracha e alcatrão foi mais forte e Fioro foi em 1994 comandar a Ligier, que tinha sido comprada pelo seu antigo piloto na Ferrari, Alain Prost, e chamou o italiano para o ajudar nessa tarefa. Em 1995 esteve na Forti F1 até meados de 1996, Voltando à Ligier até ao fim de 1997, para estar presente na vitória de Panis no GP Mónaco.
Com Alain Prost como dono da Ligier, Fiorio foi gerir a parte desportiva
Em 1988 a Minardi foi contratar Fiorio para organizar toda a gestão da pequena equipa italiana, e onde se manteve até abandonar de vez as competições no ano de 2000.
Na Minardi foi o seu último contacto com a competição

Quando resolveu abandonar de vez a competição, Cesare Fiorio envolveu-se num projecto, em que nada estava ligado ao seu anterior mundo, pois resolveu administrar um Agro Turismo em Ceglie Messapica.
O seu Agro Turismo era uma nova paixão de Fiorio
No entanto tudo sorria na preenchida nova vida deste italiano que geria com enorme sucesso o seu Agro Turismo, que entretanto fez reviver uma velha paixão ... o ciclismo.
O seu ar feliz no Agro Turismo
Tendo-se tornado um hábito, todos os dias Fiorio fazia cerca de 30 Kms de bicicleta, até que em 3 de Maio de 2017 foi encontrado caído inconsciente e ao que se pensa ter sido acometido de uma súbita doença. Levado ao Hospital de Brendisi com prognóstico reservado. 
Cesare com Alex ou seja os Fiorio nos rallyes
Cesare Fiorio é pai de "Alex" Fiorio também ele um antigo piloto de rallyes, chegando a guiar para equipas semi-oficiais da Lancia nos tempos do seu pai ser o "boss". Quando se retirou do rallies Alex também foi director desportivo da Cibiemme a BMW Italia.
Além de Alex, Cesare tem uma filha que depois de uma carreira com sucesso na música (cantora) e quando deixou e se dedicou à fotografia tornando-se uma das fotografas mais credênciadas a nível mundial, sendo as suas foto-reportagens disputadas pelas mais prestigiadas revista. O seu nome Giogia Fiorio.
Giorgia Fiorio depois de cantora é hoje uma fotógrafa muito prestigiada 

terça-feira, 3 de abril de 2018

Mario Mannucci

Nascido em Milão no ano de 1932, Mario Mannucci aos 31 anos fazia rallyes de regularidade guiando carros do Jolly Club do seu amigo Mario Angiolini.
Tudo mudaria na sua vida quando em 1968, na 1ª edição do Rally de Elba, sendo navegado por Bruno Scabini num Lancia Fluvia 1.3 HF, ao ficar em 6º lugar, dos dez sobreviventes finais dos quarenta que partiram e um tal de Cesare Fiorio reparou nele. Cesare Fiorio era o director desportivo da  HF Lancia Squadra Corse e o desafiou a entrar na equipa como co-piloto de Sergio Barbasio num Lancia oficial. Mannucci aceitou e um ano depois estava a a comemorar a vitória no Rallye de Elba.
Vitória no Rallye de Elba com Barbasio
Mannucci é convidado para fazer equipa com o duas vezes campeão italiano de rallyes, Sandro Munari que vinha de uma longa convalescença depois de um acidente nos treinos do rallye de Monte Carlo de 1968 onde faleceu o seu navegador Luciano Lombardini.
Não se pode dizer que tenha sido um começo fácil pois ainda no fim de 1968, no rallye Sam Martino di Castrozza, e em 1969 no Rallye da Suécia foram "premiados" com duas saídas de estrada. Só em 1971 ficou decidido que a dupla Munari / Mannucci ficaria permanente e novamente as coisas não corriam pelo melhor com abandono por acidente no Monte Carlo e Samremo mas devido a problemas mecânicos, no entanto a dupla cada vez tinha mais cumplicidade e ainda nesse ano venceram o rallye 999 e o Semperite.
Vitória no Monte Carlo de 1972
Em 1972 venceram o Monte Carlo, Suécia, San Martino di Castrozza e com o campeonato ganho podem dedicar-se ao desenvolvimento do novo carro da Lancia o ... Stratos.
Munari / Mannucci em 1973 ainda tiveram que correr com o Lancia Fluvia 1.6 HF, porque com a alteração de regras para a homologação dos carros em que passou a ser preciso 500 exemplares para a homologação em grupo 4. atrasou a entrada em provas do novo Lancia Stratos. Com mais uma série de vitórias conseguiram o título Europeu no "velho" Fluvia HF enquanto nas provas extra campeonato iam correndo com o Stratos e venceram o Rallye Firestone e a Volta à Corsega.
Estreia extra campeonato com vitória em 1973 do Stratos
Enquanto desesperavam pela homologação do Lancia Stratos, em 1974 já com o Fluvia 1.6 HF completamente "fora de combate" ainda conseguiram ganhar provas, até que em Outubro o Stratos é homologado e de rajada venceram o Sanremo e 1000 Lagos, e como a ajuda das outras equipas da HF Lancia Squadra Corse mais uma vez deram o título de marcas à Lancia.
Três nomes para a história dos rallyes Munari/Mannucci/Stratos
Em 1975 voltaram a vencer o Monte carlo e o 4 Estações perderam o Sanremo por um furo e na Córsega e RAC por saídas de estrada. A Lancia voltou a vencer o campeonato do mundo marcas.
Em 1976 Daniele Audetto é chamado à equipa de F1 da Ferrari e Cesare Fiorio chama Mannucci para um cargo na direcção da equipa e no final do ano dá-se a fusão da HF Lancia Squadra Corse e a Abarth formando-se a ASA (Fiat Automotive Sports Activity) sempre sobre o comando de Cesare Fiorio. Em 1997 Audetto sai da Ferrari e volta para ficar encarregado de toda a logística da ASA, pelo que volta a permitir a Mannucci o regresso.
1978 foi uma temporada falhada com o Fiat 131 Abarth
Silvio Maiga que tinha ido fazer equipa com Munari, abandonou no fim de 1977 as provas e Mannucci lá estava para um novo desafio pois por questões de marketing agora era o Fiat 131 Abarth o carro do grupo a correr. Foi uma época para esquecer a habituação ao Fiat, menos potente foi complicada pelo que, junto aos problemas mecânicos naturais da juventude apenas conseguiram um 3º lugar na Córsega e "Il Drago" resolveu "arrumar as luvas".
1979 com Vudafieri no Fiat 131 Abarth
A partir daqui Mario Mannucci navegava esporadicamente pilotos do grupo Fiat, foi assim em 1979 com Vudafieri num Fiat 131 Abarth  venceu o rally da Sicilia e em 1980 com Bettega foi 6º no Monte Carlo com o Fiat Ritmo Abarth de grupo 2 e 8º na Acrópole aí já com um Fiat 131 Abarth.
Com Bettega e o Ritmo Abarth grupo 2 em Monte Carlo
Em 1987 a "velha" dupla Munari / Mannucci volta ao activo para fazer uma prova de rallye raid na Grécia. O grupo tinha um novo projecto para o Paris / Dakar que era o novo Lamborghini LM002, mas havia que testar e a experiente dupla dar a opinião final. 
Com o "Lamb" em Rallye Raid no ano de 1987

Nas primeiras especiais saltaram logo para a frente da classificação, mostrando que quem sabe ... não esquece, mas depois com  condições meteorológicas muito adversas resolveram retirar-se para evitar estragos.
Depois da sua ligação ao grupo Fiat, Mario Mannucci com toda a sua experiência "desenhou" imensas provas por todo o mundo (China, Peru, EUA etc) e ainda foi o "pai" do Rallye dos Alpes Orientais para históricos.
Mario Mannucci faleceu a 17/12/2011 com 79 anos em Gorizia onde vivia com a mulher Ariella de quem tem um filho de nome Manuel.