António Joaquim Borges Barreto, nasceu em Évora a 11 de Outubro de 1931 e seria mais um anónimo cidadão se não tivesse sido o primeiro,e único piloto português oficial Ferrari.
"Toquim" como era conhecido cedo sentiu o gosto pela velocidade e o contacto com os automóveis era proporcionado por gerir o negócio da venda de automóveis do seu pai. Rezam as histórias que nesses "loucos" anos 50 Borges Barreto levava de Évora a Lisboa 1 hora !!!
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Toquim em perseguição de D. Fernando Mascarenhas |
Em 1954 "Toquim" fez a sua primeira experiência como piloto ao participar na VI Volta a Portugal que acabou por ganhar, apesar de problemas mecânicos, batendo todos os favoritos. Estava lançada a carreira de António Borges Barreto que de prova em prova ia chamando a atenção de todos, mesmo ao nível internacional. "Toquim" além de algumas provas que fez em Porsche 356 como o Grande Prémio de Portugal e os 500 Kms de Nurburgring em 1955 normalmente correu com o seu Ferrari 250 LM.
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No Grande Prémio do Porto de 1956 com Ferrari 750 LM |
Foi precisamente por essa ligação à casa italiana que o director desportivo da Ferrari, durante o Grande Prémio do Porto, o convidou para integrar em algumas provas a equipa oficial da Ferrari em 1956.
Logo a seguir ao Grande Prémio do Porto, "Toquim" seguiu para Itália para preparar a estreia pela Ferrari que ocorreu nas 5 horas nocturnas de Phill Hill. Na prova seguinte as 10 horas de Messina venceu a taça de estreantes e fez um 3º lugar. No entanto durante esse ano não fez mais provas pela equipa oficial.
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António Borges Barreto e o seu Ferrari |
Em 1957 continuou na equipa oficial da Ferrari já com um programa mais completo. No entanto por uma equipa semi-oficial da Ferrari foi fazer as 2 horas de Forez em França. Normalmente "Toquim" nas deslocações para o estrangeiro ia sempre acompanhado por Augusto Palma e pelo seu mentor João de Castro Junior, acontece que ambos não se puderam deslocar a França a essa espécie de circuito que era uma auto estrada que ligava La Boroy a Massandiére, tipo "vai e vêm" num total de 5.690 metros que tinha duas curvas muito lentas nos topos e uma curva rápida
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O Ferrari 500 TRC branco com uma lista vermelha que "Toquim" guiava após o acidente mortal em França |
a meio. O dia 30 de Maio, dia da prova, chovia imenso tornando essa espécie de circuito escorregadio e muito perigoso. "Toquim" seguia num magnifico 3º lugar quando o seu companheiro de equipa Piero Carini que vinha mais atrasado se despistou na tal curva rápida, furando a fraca vedação que separava as duas faixas da auto estrada e foi acertar em cheio no infeliz António Borges Barreto que vinha a passar no outro lado, provocando a morte imediata aos dois pilotos.
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Em Évora havia milhares de pessoas esperando o funeral |
Foi a sua irmã e o marido que foram de avião a Saint-Étienne, para trazer o corpo que ficou na igreja de S. João de Deus em câmara ardente, para no dia seguinte seguir o cortejo fúnebre para a sua Évora natal.
Entre as centenas de coroas de flores uma dava nas vistas, era da Ferrari com uma mensagem escrita pelo punho do próprio Enzo Ferrai. Hoje no livro de ouro da Ferrari , na parte referente a António Borges Barreto pode-se ler " ... Aveva coraggio e passione: é morto a soli 26 anni"
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Campa de "Toquim" no cemitério de Évora |