quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Roger Williamson

Esta sim, para mim, foi a página mais negra da formula 1, e infelizmente neste domingo de Julho estava sentado na minha sala a ver mais um grande prémio, que nesses tempos davam em directo na RTP.
O March de formula 3 campeão em 1971 e 1972
March 731 o seu carro de formula 1
Foi de tal modo trágico a morte desta jovem esperança inglesa, como foi o desespero do seu colega e amigo David Purley para o tentar salvar. Nunca vou esquecer as imagens que vi !!!
Roger Williamson tinha vencido o prestigiado campeonato britânico de formula 3 nos anos de 1971 e 1972 com um March.
No ano de 1973 a March cedeu um 731 oficial para o jovem Roger fazer a sua primeira temporada de formula 1, começando precisamente no "seu" grande pémio o de Inglaterra, que viria a abandonar.
A prova seguinte era o grande prémio da Holanda em Zandvoort, circuito que tinha estado encerrado um ano para obras de melhoramentos.
O March em chamas
Sequência de imagens de David Purley
David Purley a tentar ajuda
Este dia 29 de Julho de 1973, vai ser o dia mais negro de sempre da formula 1, tão negro que nem coragem vou ter para pôr fotos a cores a acompanhar esta crónica.
 Durante a corrida, um pneu do carro de Roger rebentou perdendo o piloto o controle do carro indo o mesmo embater nos rails, acabando por capotar e andar nessa posição cerca de 275 metros parando no outro lado da pista encostado a uma barreira.
Purley tenta parar a corrida
A imagem está desfocada, para não se ver o braço do piloto
Quando viraram o carro, dá para ver o piloto
Na sua "viagem" o arrastar pelo alcatrão teve o efeito de fosforo que originou um violento incêndio com a gasolina derramada do depósito. Roger Williamnson, não teve mais que ligeiras escoriações, no entanto estava preso no seu carro a arder, capotado, sem que os comissários se chegassem pois nem fatos tinham estavam de blazer !!! No lado contrário parou o seu amigo David Purley que correu desesperadamente para o carro do seu amigo pedindo ajuda aos comissário para tentar virar o carro. Ninguém ajudou e David foi "roubar" um extintor para tentar apagar o incêndio, ouvindo os gritos desesperados do seu amigo a pedir socorro. O público ao se aperceber tentou saltar a rede que limitava os espectadores, mas foram impedidos pela policia com cães e pelos comissários. Na pista os pilotos passavam, mas não tinham noção da tragédia que se passava, pois viam David Purley e pensavam que o carro a arder era o dele.
Só passado imenso tempo lá chegou um carro de bombeiros e lá apagou o que restava do March e do infeliz  Roger Williamson.
Não fazem a mais pequena ideia do que é ver isto tudo ao vivo, e pior ainda para David Purley a ouvir o seu amigo gritando por socorro !!!
David Purley, viria a abandonar a formula 1 devido a tudo o que passou com estes traumáticos momentos de Zandvoort. Seria homenageado pelo governo britânico com a medalha "George Cross" mais alta distinção entregue por actos de coragem em salvamentos.
" THE  END "
O destino é uma "coisa" muito forte e David Purley com a necessidade de adrenalina que teria, voltou não para os carros, mas sim para piloto de acrobacia aérea. Viria a falecer em 1985 num acidente durante um espectáculo aéreo no Pais de Galês tendo o seu avião se despenhado no mar e até hoje o corpo nunca apareceu !!!
Espero, muito sinceramente nunca mais ver imagens destas, e deixo-vos com esta última foto, que para mim é a que mostra maior dramatismo, pois David Purley "deita a toalha ao chão" ao aperceber-se que já nada havia a fazer e vai andando cabisbaixo e a corrida a passar. 
É a vida !!!




domingo, 22 de fevereiro de 2015

Tom Pryce


Tom Pryce foi o primeiro, e o único até hoje,  galês a disputar provas de formula 1.

O seu processo é igual ao de muitos pilotos de formulas, isto é:
- Um curso numa das prestigiadas escolas de formulas britânicas, formula ford, formula super v, formula atlantic, formula 3 e formula 2 até chegara ao topo, ou seja a formula 1.
Eis o March de F3 que levou à vitória no Mónaco/1974
O modesto Token de F1
Dessas passagens temos de destacar, a sempre importante para qualquer piloto, vitória no Mónaco 1974 em formula 3. Era, ainda hoje é, o maior cartão de visita de um piloto para os "boss" da formula 1, devidos ás características especiais desse circuito, onde se costuma dizer que a condução é muito mais importante que o carro com que se participa.
O Shadow DN5 com que correu em 1975
Tom Pryce chega no ano de 1974 à formula 1 na modesta e nova equipa Token, fazendo a sua estreia no grande prémio da Bégica, que não acabou.
Aqui o Shadow DN8 que fez a época de 1976
1977 o DN8 com as novas cores que Zorzi "trouxe"
 Entretanto como escrevi atrás, nesse ano disputou o grande prémio do Mónaco com um March de formula 3, e conseguiu vencer a prova, levando com que o equipa UOP/Shadow  lhe confiasse um DN3 de formula 1 para o resto da temporada, em que das oito corridas que fez o melhor que conseguiu  foi um 6º lugar na Alemanha.
Tom Pryce manteve-se na Shadow por mais dois anos, até ao fim da sua curta carreira no ano de 1977, conduzindo os modelos DN5 e DN8.
O galês conseguiu na sua carreira dois podium, sempre no lugar mais baixo (3º), em 1975 na Austria e em 1976 no Brasil.
Quando o Shadow parou ainda com Pryce ao volante
Vêm o ano de 1977 e com o Shadow DN8, com novas cores e com o novo colega italiano Renzo Zorzi, inicia a época com duas desistências na Argentina e no Brasil e chegamos ao grande prémio da África do Sul.
Este grande prémio ficaria marcado para sempre na história da formula 1. Foram duas mortes completamente macabras, fruto da inexperiência dos comissários e do azar de Tom Pryce.
Decorria a volta 22 quando o seu colega de equipa, Renzo Zorzi, tem problemas de pressão de gasolina e encosta o seu carro no lado esquerdo da pista, tendo o mesmo um princípio de incêndio.
Os primeiros socorros a Tom Pryce
Rapidamente e sem pensarem dois comissários (Bill e Van Vuuren) atravessam a pista para apagar o principio de incêndio no carro de Zorzi. 
Era uma longa recta e ao mesmo tempo que os comissários tomam esta decisão entram na recta colados Hans Stuck, Pryce, Laffite e Nilsson. Chegando perto dos comissários, que atravessavam a pista, a 270 Km/h,  Stuck consegue desviar-se com uma guinada brusca deixando os dois infelizes na frente de Tom Pryce. O primeiro comissário Bill consegue "fugir" de Pryce, mas Van Vuuren que corria com um extintor de 18 Kg na mão não têm a mínima hipótese e é colhido pelo Shadow, que o levanta ás cambalhotas a uma altura incrível, dando a ideia a quem via que parecia despir-se. O mais dramático disto é que o extintor de 18 Kg acerta em cheio no capacete de Pryce que ia a mais de 270 Km/h, arrancando-lhe de imediato o capacete da cabeça !!!
O desenho de como ocorreu o acidente
O fim foi terrível, digno de um filme de terror, o infeliz comissário cai completamente mutilado no lado da pista, e o Shadow de Pryce desgovernado segue pista fora arrastando consigo o Ligier de Laffite, felizmente sem problema, para o lado contrário da pista indo embater ambos os carros na barreira.
O infeliz Tom Pryce também teve morte imediata, neste fatídico dia 5 de Março de 1977, um dos dias mais negros da formula 1. Para terem a ideia de como ficou o comissário logo na hora para fazer a identificação do mesmo tiveram que chamar todos os comissários a torre de controle e por exclusão de partes ao fazerem a chamada dos nomes chegaram à conclusão que era Van Vuuren o mutilado e desfigurado comissário.









quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Patrick Depailler

Com o March de formula 2
Realmente os anos "franceses" na formula 1 foram os anos 70 e 80. Havia um lote enorme de pilotos gauleses nas mais competitivas equipas de formula 1, e um desses "guerreiros gauleses" era Patrick Depailler.
Em 1972 estreia com Tyrrell na formula 1
O seu percurso, como na maioria dos pilotos de formulas, começou nas formulas de promoção francesas, e antes do ingresso na formula 1, foi claro a formula 2 com a Alpine e a March. Em 1970 também fez sportscar com a equipa Renault. Foi campeão Francês de formula 3 em 1971, campeão Europeu de formula 3 em 1974 e venceu o sempre prestigiante grande prémio do Mónaco em formula  3 no ano de 1972.
Com a Renault nas provas de Sportscar
A vitória de formula 3 no Mónaco, abriu a porta para uma primeira experiência com um "velho" Tyrrell 004 na formula 1, fazendo o grande prémio de França e USA em Watkins Glen onde conseguiu acabar em 7º lugar.
Em 1974 primeira época de F1
Com o 008 na última época na Tyrrell em 1978
Em 1974 seria a sua primeira época completa como piloto de formula 1, com a equipa Tyrrell.
Um carro que fez história na F1 o P34 (seis rodas)
A Tyrrell passava por dias muito complicados, pois tinha ficado sem pilotos para a nova época visto que Cévert morre no fim do ano de 1973 no USA e Stewart resolve abandonar as corridas por causa da morte do seu amigo. Nesse primeiro ano o seu colega de equipa foi o sul africano Jody Sheckter. Manteve-se na Tyrrell até ao fim da época de 1978 guiando durante esse tempo os modelos 005, 007, 008 e o mítico P34, mais conhecido pelo Tyrrel de seis rodas. Todos estes anos da Tyrrell apenas renderam três subidas ao podium, sempre no degrau mais baixo do mesmo.
O belo Ligier/Gitanes JS 11
Asa-delta ... quase o fim da carreira
Com a saída da Tyrrel, resolve assinar pela competitiva Ligier/Gitanes para a temporada de 1979. Tinha tudo para dar certo essa nova época, pois com um carro ganhador, o JS11/Ford V8, e numa boa forma, começou a ficar com a moral em alta após a vitória em Espanha, o 2º lugar no Brasil, o 4º lugar na Argentina e dois 5º lugar respectivamente no Mónaco e USA, metiam em segundo plano as desistências na Bélgica e África do Sul, sendo um sério candidato ao titulo para a disputa das restantes oito corridas que faltavam.
O Alfa Romeu 179 em que viria a ter o acidente fatal
No entanto uma das grandes paixões de Depailler era praticar asa-delta. Sendo um praticante exímio, no entanto em Junho, perto da sua Clermont-Ferrand natal, tem um grave acidente em que fracturou gravemente as duas pernas e um calcanhar, acabando aí a sua promissora época de formula 1.
A sua recuperação foi bastante longa e até por vezes existiram dúvidas se voltaria, ou como voltaria, levando a sua equipa a contratar Didier Pironi para o seu lugar.
A Alfa Romeu, com o potente motor V12 e os dollares da Marlboro, resolveu dar um voto de confiança ao francês e contratou-o para a época de 1980.
Não começou a época na melhor condição física, mas o carro era super rápido e Depailler fazia sempre bons lugares para a grelha, no entanto em prova a fiabilidade do Alfa Romeu deixava muito a desejar. Das oito corridas disputadas, desistiu em sete e não se classificou numa, sempre por rotura do V 12 italiano.
Os restos do Alfa Romeu depois do acidente em Hockenheim
No intuito de dar mais fiabilidade ao motor italiano, a Alfa Romeu encontrava-se em testes de preparação do grande prémio da Alemanha no super veloz circuito de Hockenheim (versão antiga que entrava pela floresta negra), quando  no dia 1 de Agosto, a oito dias de completar 36 anos morreu de acidente Patrick Depailler. Na muito, mas mesmo muito, rápida curva Ostkurve, por quebra da suspensão o Alfa Romeu foi embater violentamente no rail, saltando o mesmo e capotando, causando graves lesões na cabeça do piloto que lhe provocariam a sua morte.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Bernard Beguin

Francês, natural de Grenoble fará 68 anos em Setembro. Bernard Beguin foi uma das figuras que aprendi a admirar pela sua mestria a conduzir aquele Porsche branco com listas vermelhas e verdes do preparador Meznarie que na altura lutava sozinho contra a armada de Porsches dos irmãos Almeras.
1978 Porsche Carrera RS gr 4
Quando realmente o acompanhei mais de perto foi no ano de 1980, em que o Campeonato da Europa acabava com o Rallye do Algarve. Nesse ano era uma luta sem quartel entre Beguin e Zanini também com um Porsche 911 SC gr4 mas com preparação Almeras e iria ser no Algarve que tudo se iria decidir.
Nesse ano o Algarve estava na boca do mundo automobilístico, pois para além de se decidir o titulo havia mais um motivo para isso: - Era a estreia em rallyes do Audi Quattro, que com Mikkola ao volante faria o rallye extra-oficial, partindo 15 minutos antes do primeiro. Começava uma nova era nos rallyes !!!
No Monte Carlo 1976 Alfa Romeu
2000 GTV de gr 1
Monte Carlo  1979 Ford Escort RS gr 2
Voltamos ao principal e o primeiro golpe de teatro foi à última da hora Zanini trocava o Porche pelo Ford Escort 1800 RS da ... Diabolique, com o Drº Miguel Oliveira com navegador. Dizem as más linguas que Zanini acreditava mais na fiabilidade do Ford, que a do Porsche. No entanto foi o Porsche de Beguin a dominar completamente o Rallye ... até desistir com uma estúpida avaria,  correia de alternador a partir-se logo no pior troço o mais comprido Monchique, dando a vitória de bandeja a Zanini mesmo no fim do Rallye e respectivamente do Campeonato da Europa.
Fiat 131 Abarth gr 4
1979 Porsche 911 RS gr 4
1982 Porsche 911 SC
1980 Monte Carlo Porsche 911 RS  gr 4
Voltamos ao Bernard Beguin, que começou nos automóveis ao ganhar o volante shell em 1971 com um Martini MK4. Durante uns anos, fazendo principalmente rallyes, foi também fazendo algumas provas de velocidade e diga-se de passagem com sucesso. Assim, subiu duas vezes ao pódio na 24 horas de Spa-Francorchamps, em carros de turismos (Alfa-Romeu), disputou várias vezes as 24 horas de Le Mans, sempre em modelos da Porsche, tendo no ano de 1975 ganho a classe GTX com um 911 Carrera Turbo, fazendo equipa com os suiços  Haldi e Zbinden. Também fez vários pódios pelos circuitos por onde passou.
1985 Porsche 911 SCRS
Mas foi nos rallyes que Beguin centrou a sua carreira e onde correu, principalmente no Campeonato Francês, que venceu por quatro vezes (1979, 1991, 1992 e 1993) tendo também no ano de 1987 com um BMW M3 da Prodrive vencido a Volta à Corsega a contar para o WRC.
Na Volta à Corsega com o BMW M1  !!!!!!!!!!!
Com o BMW M3 grA equipa Bastos
Novamente o M3 na vit´ria da Corsega 1987
Bernard Beguin conduziu os modelos mais variados, tendo no entanto centrado a sua actividade em duas marcas: A Porsche que guiou os 911 Carrera RS, 911 SC, 911 SCRS, etc e os BMW que além dos competitivos M3 grA da Prodrive ainda se aventurou a meter o "gigantesco" M1 de grB nas estreitas estradas francesas. Além destas marcas guiou para a Alfa Romeu com os competitivos 2000 GTV gr1, para a Fiat com o 131 Abarth gr4, para a Ford com o Escort RS gr2, Sierra 4x4 grA e Escort Cosworth 4x4 grA, ainda fez provas com a Subaru Impreza 555 grA com que acabou em 4º lugar no Monte Carlo de 1996 seu último rallye. 
Em 1991/92 com Ford Sierra 4x4 grA equipa RAS


1993 Ford Escort 4x4 grA
Fez também por duas vezes o Paris-Dakar com a Mitsubishi em 1985 e 1988, mas sem chegar ao fim.
Último Rally Monte Carlo 1996
Le Mans 1975 vitória na classe GTX
Dakar de 1985 equipa Mitsubishi

Bernard Beguin é desde 1997 responsável na comissão de rallyes da FFSA e também seu director de comunicação.