quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Colin Chapman

Foi um génio que passou pela formula 1, e como todos os génios, ou quase todos, também foi bastante controverso, falamos de Anthony Colin Bruce Chapman fundador do mítica marca Lotus.
Chapman nasceu em Richmond, Surrey em Outubro de mil novecentos e vinte e oito.
Tirou engenharia na University College London, mal acabou o seu curso e logo entrou noutra universidade em Londres a Air Squadron para tirar o seu brevet e logo de seguida ingressou na célebre RAF - Royal Air Force.
Monocoque do Lotus 25
O primeiro F1 da Lotus o modelo 12
O seu primeiro emprego civil foi na British Aluminium Company, uma empresa nova que tentava colocar o alumínio em várias áreas, inclusive como material para edifícios. Em mil novecentos e quarenta e oito, começa então o seus primeiro contacto com os automóveis, ao preparar um Austin 7, mas seria quatro anos depois em cinquenta e dois que ele fundou a Lotus Cars, para dois anos depois abrir a Lotus Engineering e o Team Lotus, que eram os "braços armados" para a competição da marca Lotus. 
Jim Clark como Lotus 25, campeão do mundo
Entre os primeiros trabalhadores contratados havia nomes que mais tarde ganhariam bastante notoriedade como Mike Costin, Keith Duckworth e até um tal de Graham Hill.
1965 vitória histórica em Indianápoilis
A Lotus começou por construir dois carros de desporto e um de competição, talvez um formula 2. O primeiro formula 1 com a marca Lotus só acontece em mil novecentos e cinquenta e oito. O primeiro formula 1 foi o Lotus 12, mas foi o Lotus 25 uma monocoque a primeira grande novidade e contribuição de Chapman para a formula 1, pois as suas ideias iriam, mais tarde ou mais cedo, sendo copiadas pelos outros construtores.
As inovações de Chapman, que começaram no Lotus 25 que viria a dar o primeiro titulo mundial para a Lotus e para Jim Clark, seguiram-se com os modelos 49, 72, e 79.
Colin Chapman com dois dos seus pilotos, Clark e Hill
Rind foi o único campeão do mundo a título póstumo
O Lotus 49 foi o primeiro F1 a montar o mítico motor Ford V8 Cosworth DFV. Esse motor que viria a tornar-se a motorização de grande parte das equipas de formula 1, foi concebido por um ex-funcionário da Lotus Keith Duckworth. 
O Lotus 72 aqui ainda guiado por Jochen Rind
Muitos dos conceitos que Colin Chapman aplicava vinham dos seus conhecimentos da industria aeroespacial e claro sempre com a ajuda de Maurice Phillippe e Duckworth entre outros.
Colin Chapman e o brasileiro Emerson Fittipaldi
Chapman e Clark formaram uma dupla imbatível, e ao mesmo tempo criaram uma grande amizade entre eles, apesar das diferenças de feitios respeitavam-se mutuamente. Foi também com Clark que a Lotus e Chapman conquistaram o mercado americano, principalmente quando em mil novecentos e sessenta e cinco ganharam com o Lotus a ser o primeiro carro a ganhar as 500 milhas, com o motor atrás, coisa que os construtores americanos tinham desdenhado, mas que nos anos seguintes já todos tinham copiado. 
O primeiro grande revés de Chapman, foi a morte de Jim Clark em mil novecentos e sessenta e oito, numa corrida de formula 2. 
O célebre Lotus Turbina, aqui o  56B
Colin ficou muito abalado e mais abalado ficou quando Hill também teve um acidente grave em que partiu as duas pernas. Pior que tudo foi em mil novecentos e setenta, na pista de Monza o austriaco Jochen Rind, que tinha substituído Clark na equipa, também viria a falecer num acidente. Corriam rumores que os Lotus eram muito rápidos, mas não eram carros seguros, e foi este o "peso" que Chapman teve que carregar durante uns tempos.
Lotus 79 foi uma evolução do 78 o primeiro "carro asa"
Entretanto com o modelo 72 Colin e a Lotus criam o novo conceito "em cunha" que permitia enormes ganhos aerodinamicos. Foi com o Lotus 72 que outro grande nome da formula 1 chegou ao título mundial e foi outro dos pilotos com quem Colin teve uma relação muito chegada, estou-me a referir a Emerson Fittipaldi.
Outro dos Lotus "asa" o 86 aqui com Andretti
Antes do Lotus 72, Colin Chapman teve outra ideia de génio que foi a do carro turbina. Claro que o mundo voltou a ficar de boca aberta com mais esta ideia genial a que lhe deu o nome de Lotus 56, mas na realidade foi mesmo mais o barulho acerca da inovação que outra coisa, pois o carro era muito brusco devido à muita potência e apesar do sistema de tracção às quatro rodas era muito difícil de guiar e desconfortável. No entanto o problema ficou resolvido rapidamente com a FIA a proibir o carro de correr em formula 1 e a USAC nos Estados Unidos.
O Lotus 88 era o tal do chassi duplo, o último de Chapman
Chapman andou sempre na frente desde o principio
O ritual de Colin mandar o boné ao ar na hora da vitória ...
Foi também Colin Chapman, que tinha um "faro" enorme para tudo o que fosse ganhar dinheiro, muito dinheiro, que quebrou a regra dos carros com as cores dos países, isto é os carros italianos normalmente eram vermelhos, os franceses azuis, os alemães prateados e os ingleses verdes e Colin ao conseguir levar a Imperial Tobacco a apostar na publicidade dos seus produtos nos Lotus que ganharam a cor vermelha e dourada dos cigarros Gold Leaf e anos depois o célebre preto e dourado da JPS. Com o sucesso do Lotus 72 a chegar ao fim havia que inventar qualquer coisa para substituir o fracasso que foi o "projecto turbina" e puxando pelos galões e pelos conhecimentos da aeronáutica Colin baseado no efeito das asas dos aviões, cria os "carros asas" que exploravam o efeito de solo, através de umas saias laterais que controlavam os fluxos de ar nos carros e "colavam" os mesmos ao chão fazendo com que curvassem a enorme velocidade.
... aconteceu a última vez em 1982 na Áustria, quando
Claro que todas estas inovações tinham sempre um ponto fraco, que neste caso era que quando as tais saias laterais, por algum motivo se partiam e o ar saía lateralmente, os pilotos perdiam completamente o controle dos carros em curva e os acidentes graves começaram a acontecer. Uma das primeira soluções foi endurecer os carros com suspensões activas para evitar que as saias que estavam em constante contacto com o solo não se partissem, mas os carros ficavam tão duros que os danos e o desgaste provocado nos pilotos passou a ser sub-humano. Mais uma vez a FIA teve que interceder ao regulamentar uma altura dos carros ao solo e que não pudessem haver peças a roçar na pista o que fazia desaparecer o efeito de solo.
... Élio de Angelis bateu Roseberg na linha da meta.
E aqui, pela última vez Colin voltou a dar a volta aos regulamentos ao criar um duplo chassi que quando o carro parado estava tudo certo, mas que em andamento fazia baixar umas placas laterais com as saias para provocar o dito efeito de solo. Mais uma vez a FIA teve que proibir esse carro, que seria o último inventado pelo genial Colin Chapman, o Lotus 88.
A campa de Colin
Colin Chapman tinha um ritual muito conhecido que era saltar o muro das box para a pista e quando o seu carro cruzava a linha da meta em primeiro ele atirava o seu boné preto ao ar, era esta a sua imagem de marca no seio da F1. Após a morte de Chapman o Team Lotus passou para a sua viúva e era gerida por Peter Warr.
Pela Lotus passaram grandes pilotos como: Clark, Hill, Rind, Fittipaldi, Peterson, Ickx, de Angelis, Reutman e Andretti em vida de Colin Chapman, e depois Mansel, Senna e Piquet que renderam para a equipa sete títulos de construtores (1963, 1965, 1968, 1970, 1972, 1973 e 1978) e seis de pilotos, além de setenta e três vitórias.
Entretanto e extra competição, num negócio da Lotus Cars, Colin Chapman tinha feito um acordo com John DeLoren para um projecto sobre os seus carros, que tinha a sede em Dublin e que foi financiado pelo estado inglês em 54 milhões de libras. Essas libras nunca chegaram ao seu destino, e segundo parece foram para os bolsos de Deloren 50% de Chapman 45% e de Fred Bushell sócio de Colin na Lotus 5% o que resultou num enorme escândalo financeiro.
Deloren foi chamado à justiça e foi condenado a prisão, e segundo consta o mesmo iria suceder a Colin Chapman se no dia dezasseis de Dezembro de mil novecentos e oitenta e dois, com cinquenta e quatro anos, não tivesse falecido vitima de um fulminante enfarte. Perante isso o seu envolvimento no escândalo nunca conseguiu ser bem explicado. A mesma sorte não teve o seu sócio Fred Bushell que ao assumir a administração da Lotus Cars depois da sua morte, foi condenado a quatro anos de cadeia.
Também mal explicada ficou a morte de Colin Chapman, pois foi tudo muito rápido: a morte, o velório e o funeral. O mistério ainda ficou mais intrigante por o caixão no velório estar sempre fechado e selado.
Reza a história que devido ao escândalo financeiro, Chapman e o seu amigo David Thieme, dono da Essex que chegou a patrocionar a Lotus, o ajudou a forjar tudo. Primeiro ficou escondido numa quinta na Escócia e depois em Janeiro de mil novecentos e oitenta e três foi para o Brasil num pequeno avião e foi viver para Manaus.
A família sempre desconfiou e um ano com a desculpa de ir ao GP do Brasil, a sua mulher Hazel quase o apanhou.
Esta é a foto da polémica, tirada em Portugal e que segundo consta o homem que se vê é Colin Chapman
Foi então que teve que fugir, uma fuga meio recambulesca, e foi então viver para Várzea Grande com passaporte canadiano trabalhando como instrutor no aeroclube local, passando a usar o nome de Anthony, mas que era tratado pelo amigos por "Toninho Chapa" ou "Chapinha". Levantaram-se algumas desconfianças quando em dois mil e nove, com oitenta e um anos e de óptima saúde, num bar local e completamente bêbado a assistir na tv aos treinos do GP Austrália, mandou ao ar o tal boné preto e gritou várias vezes "a Lotus está de volta", isto quando Heikki Kovalainen levou o Lotus ao 13º lugar da grelha de partida.
São histórias que se contam, mas no Brasil houve testemunhas de tudo isto que se contou, ficará para sempre a incógnita sobre a vida, ou morte de Colin Chapman.
O que seria da Lotus se Chapman continua-se?
O que teria aquele génio inventado mais para os seus carros?
Hoje em dia que a aerodinâmica é tão importante no desempenho dos formula 1, como teria Colin que era o maior génio na matéria, inventado para os seus carros?

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