quinta-feira, 30 de março de 2017

"The thousand turns rally"

A Volta à Corsega é dos rallyes mais fascinantes do mundo. A prova pontuável por França no WRC é das mais complexas e perigosas. Disputada em asfalto nas estreitas estradas de montanha com curvas para todos os gostos e ganchos ... muitos
Estradas com ravinas de respeito
ganchos que valeram à prova ser conhecida como "the thousand turns rally". 
O rallye têm o nome de "Tour de Corse" porque antigamente era disputado em 
Mais uma estrada característica da ilha
toda a ilha, embora hoje pelos novos regulamentos, a prova se dispute só nas montanhas à volta de Ajaccio.

Fisicamente muito desgastante a prova tem levado a vários acidente, felizmente mais espectaculares do que graves, embora nunca se possam esquecer as mortes de Attilio
Os ganchos seguidos são um espectáculo 
Bettega em 1985 num Lancia 037 e de Henri Toivonen e Sergio Cresto também da Lancia num Delta S4.

Efectivamente foram dois anos negros na Corsega e nos rallyes mundiais.
O primeiro ano em que se disputou a Volta à
Primeiro vencedor Gilberte Thirion
Corsega foi em 1956 e para surpresa de muitos o vencedor foi a concorrente belga Gilberte Thirion num Renault Dauphine.

Esta é uma das tais provas que são para especialistas, por isso não é de estranhar  que o recorde de vitórias, estejam na mão de
Darniche recordista de vitórias seis
franceses. Bernard Darniche (1970-1975-1977-1978-1979-1981) e Didier Auriol (1988-1989-1990-1992-1994-1995) vão na frente do numero de vitórias com seis cada um, seguido de
Auriol na primeira das seis vitória 
Sebastien Loeb com menos duas vitórias (2005-2006-2007-2008). Os principais pilotos franceses já ganharam o "Tour de Corse" nomes como Jean Claude Andruet, Jean Luc Thérier, Jean Ragnotti, Gérard Larrousse, Jean Pierre Nicolas, Bruno Saby,
Loeb é o terceiro com quatro vitorias
Bernard Beguein, François Delecour, Philippe Bugalski e Gilles Panizzi mas outros nomes grandes do panorama mundial também venceram e alguns que nunca tinham sido dados como pilotos de
Restos do Delta S4 de Toivonen
asfalto caso de Colin McRae venceu e até repetiu. Ganharam também Markku Alén, Carlos Sainz, Jesus Puras,Petter Solberg, Markko Martin, Dani Sordo, T. Neuville, e Jari-Matti Latvala.

Hoje em dia também se disputa o "Tour de
O Lancia 037 de Bettega
Corse Historique" e voltou nessa prova ao percurso que era feito antigamente à volta da ilha toda.

Tomo a liberdade de fazer uma referência a um piloto corso que é considerado o
Yves Loubet "O Corso"
grande especialista desta prova tendo vencido no grupo 1, grupo 2, grupo N e grupo A mas embora por vezes ao serviço de equipas de fábrica nunca conseguiu vencer à geral a "sua" prova, falo de Yves Loubet um dos mais
Bettega falando com Ragnotti no parque
fechado antes de arrancar para a secção
onde viria a ter o trágico acidente.
espectaculares piloto na Volta à Corsega.

Deixo nesta simples crónica uma homenagem aos que nos deixaram nesta prova, fazendo aquilo que mais gostavam e que nos deixaram memórias que dificilmente iremos esquecer, falo do
Sergio Cresto e Henri Toivonen parados
a conversar com Nini Russo antes da PEC
em que viriam a ter o acidente fatal.
Attilio Bettega do Henri Toivonen e do Sergio Cresto. 

Como tinha escrito a trás sobre o antigo percurso que é agora reaproveitado para a Volta à Corsega  dos históricos, podem ver
pelo mapa que vos deixo os caminhos percorridos à volta da ilha.

domingo, 26 de março de 2017

Um Príncipe das Arábias

Nasser Al-Attiyah nascido em Doha no Qatar em 21 de Agosto de 1970 é na verdade um príncipe pois pertence à família real do Qatar.
Temos o hábito de dizer, e bem, que o dinheiro ajuda muito numa carreira e infelizmente em alguns casos de nada serve pois quando "a matéria prima" ou "a peça que
Com o Subaru Impreza de produção foi campeão
está por detrás do volante" não presta não são os "petrodollares" que vão resolver embora não seja o caso de Nasser um grande piloto e um grande desportista. 
Neste Ford Fiesta foi campeão no WRC2 duas vezes
Nos rallyes onde Nasser Al-Attiyah tem feito 
várias épocas, com resultados muito positivos pois foi Campeão do Mundo de PWRC com um Subaru em 2006 e com um Ford Fiesta de WRC2
Também esporadicamente tem feito provas de WRC
foi também campeão nas épocas de 2014 e 2015. A sua ligação aos rallyes continua esta época com um Skoda R5  que já fez as últimas provas do campeonato de 2016. Graças ao investimento do Qatar em equipas de topo no WRC permitiu a
O Skoda R5 com que Nasser corre em 2017
Nasser fazer algumas  provas com carros das equipas oficiais, como o Citroen C3 WRC. 
 A carreira como piloto de rallyes de Nasser já renderam 12 títulos de Campeão de Rallyes do Médio Oriente.
Primeira vitória no Dakar em 2011 com a VW

No entanto é no Todo-o-Terreno que Nasser tem tirado os melhores resultados, principalmente no mítico Dakar onde já venceu por duas vezes em 2011 com a VW e 2015 com o Mini da X-Raid.
Também com o Mini e com o VW  conseguiu  dois
Na equipa X-Raid ganhou em 2015 com um Mini
segundos lugares e um terceiro lugar novamente com o Mini. Nasser tem guiado vários tipos de carros no Dakar, além do VW Tuaregue e do Mini também guiou o BMW X3 da X-Raid, o  prototipo  de  Robby Gordon só com
BMW X3 da X-Raid
tracção traseira assim como o Buggy com que fez equipa com Sainz. Nasser tem tido como colegas de equipa quase todos, ou todos, os pilotos top do TT com quem têm lutado, também
O Cherokee "proto" da equipa de Robby Gordon
tem vencido, muitas da vezes com armas iguais, o que faz sobressair ainda mais as capacidades de Nasser como um dos grandes piloto  de todo  o  terreno  a  nível mundial
O Buggy só de tracção traseira
Em 2017 Nasser regressou à equipa Overdrive que faz correr as Toyota Hilux, mas este ano no Dakar depois de comandar acabou por abandonar  devido a  acidente mas continuando
A Toyota Hilux da Overdrive
como favorito para a vitória na Taça do Mundo de TT. Nos últimos anos já não é só os dinheiros do Qatar, Nasser já tem hoje o forte apoio da Red Bull em tudo o que entra.
Testes com o BMW M4 do DTM
Nasser Al-Attiyah como grande desportista que é gosta de experimentar tudo no desporto motorizado daí que por exemplo no tempo da sua ligação à X-Raid tenha feito testes com o
Corrida do WTCC com o Chevrolet Cruze
BMW M4 do DTM, e quando o WTCC correu no Qatar, Nasser tenha feito a prova num Chevrolet Cruze embora  com resultado modesto
Nasser na selecção de tiro do Qatar
Nasser Al-Attiyah não é só um grande piloto é também um atleta olímpico pela selecção do seu país. O grande Nasser em 2012 foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos em skeet uma variedade de tiro ao alvo.
A receber a medalha de broze nos JO
Fora das corridas Nassaer Al-Attiyah é um príncipe do Qatar com as suas obrigações e também com as suas mordomias :)
Nasser no seu palácio no Qatar com o bonito Ferrari

domingo, 12 de março de 2017

Ignazio Giunti

Ignazio Giunti nasceu em Roma a 30 de Agosto de 1941. Giunti era filho de uma abastada família , que tinha entre vários negócios o célebre Hotel Sangineto.
Aos 20 anos e às escondidas da família Giunti começou a sua carreira nas provas de montanha. Em 1962 passou para Alfa Romeo Giulietta TI e para a descoberta dos circuitos, em especial
Começo com o Giulietta TI
Vallelunga circuito perto de Roma que Giunti considerava "o seu" circuito. Em 1964 consegue o segundo lugar no Campeonato Italiano de Turismos com um Fiat Abarth 850 TC.
A estranha pintura do capacete de Giunti
No ano seguinte, 1965, Giunti voltou à Alfa Romeo desta feita com um GTA e começou a dar nas vistas, na medida em que nas provas em Vallelunga era imbatível, regalando pilotos credenciados como Spartacus-Dini, Nanni Galli e Andrea de Adamich entre outros.
Como se vê era uma pintura arrojada
Na imprensa o capacete verde com uma pintura meia esquisita para a época, começava a ser conhecido não só dos jornalistas como dos chefes das principais equipas como "príncipe de Vallelunga". 
Em 1966 deu "o salto" para a formula 3 e nos turismos juntou-se á forte equipa da Autodelta onde fazia equipa com Nanni Galli.
com o Alfa Romeo no Targa Florio
A aposta no campeonato da europa de montanha com o Alfa Romeo GTA em 1967 foi um sucesso pois ganhou a sua classe no europeu.
Com a Alfa Romeo entrou juntamente com Nanni Galli nos sportscar, guiando um T33 com motor 2 litros acabando por ganhar a classe no Targa Flório e nas 24
Giunti com o Alfa Romeo T33/3
horas de Le Mans isto no ano de 1968. Continuando ligado à Autodelta em 1969 continuaram com o Alfa T33 mas agora com motor 3 litros e fez o campeonato europeu de turismos que acabou em 2º atrás do seu colega Spartaco-Dini.
Estes resultados fizeram tocar as campainhas
Com Nino Vacarella no Ferrari 512S
de Maranello que  foi contratar Giunti para a época de 1970 tendo como  companheiro  na equipa de resistência Nino  Vacarella  na condução do Ferrari 512 S. Foi uma época 

com uma vitória nas 12 horas de Sepring, um segundo lugar nos 1000 kms de Monza e terceiros no Targa Florio
Nino Vacarella e Ignazio Giunti

e 6 horas de Watkins Glen. Entretanto a Ferrari deu uma oportunidade na F1 a Giunti, um inovador programa de provas alternadas com Clay Regazzoni. Giunti até começou bem com um 4º lugar em SPA mas depois com o 14º lugar em França, 7º 
Estreia na F1 com o Ferrari 312P
na Austria e desistência em Itália acabou por comprometer o futuro na F1 sendo o lugar mais tarde entregue a Regazzoni. 

No entanto com novas futuras alterações regulamentares dos Sportscar, previstas para 1972, a Ferrari resolveu testar o seu futuro
Com o Ferrari 312PB na Argentina
grupo 5 o Ferrari 312 PB no ano de 1971 como grupo 6 e entregou esse novo projecto a Giunti e Arturo Merzario.
Na estreia em Buenos Aires o pior estava para vir. Durante a
Beltoise empurrando o Matra
corrida, numa altura que Beltoise tentava levar o seu Matra sem gasolina até à box empurrando o mesmo. Já perto da box numa curva o carro veio ligeiramente da berma para o meio e Beltoise deixou a traseira do carro para lateralmente tentar virar o volante para repor o carro
Momento que Giunti bate no Matra
perto da berma, quando a grande velocidade vem Mike Parkes no Ferrari 512S e colado Giunti no 312PB. Mike ao aperceber-se do Matra à sua frente consegue "fugir" à última da hora enquanto que Giunti ficando com o
O Ferrari depois de bater ainda a rodar
Matra à sua frente já não tem tempo de reagir 
e acaba por embater na traseira do Matra com frente direita do seu Ferrari. O embate foi te tal maneira brutal que o Ferrari se transformou numa bola de fogo só parando uns 100 metros depois, e embora prontamente
Monumento a Giunti em Vallelunga aqui
Sandro Munari que chegou a ser seu
colega na Ferrari com o 512S a
prestar uma homenagem
atacado o incêndio já nada havia a fazer e o Ignazio Giunti acabaria por falecer duas horas depois no hospital de Buenos Aires.

No "seu" circuito Vallelunga existe um monumento em honra de Ignazio Giunti.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Johnny Cecotto

Nascido em Caracas na Venezuela e filho de emigrantes italianos Johnny Cecotto nasceu em Janeiro de 1956. Começando a correr em motos na Venezuela,no ano de 1975 resolve com o apoio do importador Yamaha  Venezuela a Venemotos, vir para a Europa e em boa hora o fez pois ganhou logo o seu primeiro título mundial nesse ano na classe 350cc. Manteve-se a correr
Em 1975 o primeiro título em 350cc
em motos até 1979 e ainda conseguiu em 1975 o seu segundo título em 750cc.
Em 1980 Cecotto tenta a sua sorte nas quatro rodas, como já tinha feito Surtees e Hailwood com sucesso,
e com a Minardi fez o seu primeiro campeonato
Em 1982 com o March/BMW ficou em  2º lugar no campeonato de F2

de formula 2. Cecotto manteve-se na formula 2 até 1982 ano em que com a equipa oficial da March / BMW acaba o campeonato empatado com o seu colega de equipa Corrado Fabi no primeiro
1983 F1 com a Thedore
lugar com o mesmo numero de pontos, mas Cecotto "só" foi vice campeão devido ao sistema de desempate.
Claro que o passo seguinte na  carreira seria a desejada F1 e em 1983 Cecotto faz a sua primeira época ao
Com Senna na Toleman
volante de um Theodore e embora conseguindo um 6º lugar na segunda prova o resto da época foi fraco. Porém no ano seguinte 1984 Cecotto assegurou um lugar numa promissora equipa, a Toleman tendo como colega a jovem esperança brasileira
Com o Toleman TG 184 em 1984
Ayrton Senna. Apesar de tudo foi uma época para esquecer, pois a pressão causada pelo colega de equipa que ia tirando bons resultados enquanto Cecotto ia acumulando desistências começou a pesar.
Chegados ao GP de Inglaterra já a mais de
A ser transportado para o hospital
meio da época e só com um 9º lugar na única corrida que acabou, a tal pressão fez-se sentir nos treinos e Ceccoto tem um violento acidente que resultou na fractura das duas
Com Ravaglia 2º na Bathrust em 1985
pernas. Depois de um longo período de recuperação, Ceccoto podia voltar a competir mas nunca mais em formulas.
Johnny redireccionou a sua carreira para os carros de turismo
... outro 2º nas 24 horas de SPA
e como já tinha no tempo da F2 uma ligação à BMW foi mesmo pela marca alemã que fez o campeonato da europa num 635 CSI. Foi um primeiro ano muito positivo pois fez 2º nas 24 horas de SPA e foi também 2º e melhor rookie em Bathrust
Com o Volvo 240 turbo da RAS
1000.

Nesta nova aventura nos turismo, em 1986 disputou o campeonato da europa num Volvo 240 turbo da equipa RAS Sport, para no ano seguinte voltar ao BMW desta feita num M3 da Cibiemme, e também ao europeu da especialidade. Em 1988 Cecotto volta-se para
Entrada no DTM com Mercedes 190
os campeonatos na Alemanha e por lá vai ficar até 2002 embora pontualmente como foi o caso de 1995 tenha ido a Inglaterra disputar o BTCC. A entrada no DTM, em 1988, não foi ao
1990 DTM Johnny usou este BMW M3
volante de um BMW mas sim da sua grande rival a Mercedes com um 190 oficial. No ano seguinte já Cecotto estava de novo ao volante de um BMW marca que usou até 2000 com vários modelos. De realçar
No BMW 320 IS fez o BTCC
talvez em 1990 o 2º lugar no campeonato com um M3 ou a passagem pelo super competitivo BTCC (Inglaterra - 1995) em que conduziu o grupo A da marca que era o modelo 320 IS.


Na Alemanha com o M3 - GTR
Também marcante a época em que correu na Alemanha com o potente BMW M3 GTR em 1993.
No fim da época de 2000 Johnny Cecotto anunciou a passagem para a também alemã OPEL e foi com mais uma marca alemã que acabou a sua carreira.
Disputando o campeonato V8 Star ao volante de
Com o Opel Astra V8 da Irmesher
um OPEL Astra V8, Cecotto venceu os campeonatos de 2001 e 2002.

Johnny Cecotto fez uma passagem pelo circuito de Le Mans por três vezes sempre com a BMW, mas sem nenhum resultado de relevo. No entanto em 1996 com o
Com o McLaren F1 GTR em 1996
McLaren/BMW F1 GTR e acompanhado de dois pilotos de F1 Nelson Piquet e Danny Sullivan acabaram a prova num 8º lugar final. Em 1981 que com os franceses Philipe Alliot e Bernard Darniche levaram o BMW M1 ao 16º lugar final. E por fim a passagem por Le Mans acabou em 1998 com o BMW V12 LM, em que também pela primeira vez não acabou a prova juntamente com P.Martini e J. Winkelhock.
Johnny Cecotto Jr na GP2

No final da época de 2002 Cecotto dá por encerrada a sua já longa carreira como piloto passando a comentar para um canal da televisão da Venezuela as corridas de F1, ao mesmo tempo
Johnny Cecotto e o Junior
que "acompanha" a carreira do seu filho Johnny Cecotto Jr. na tentativa de chegar à F1, andando pelas formulas inferiores, neste caso a GP2.