domingo, 24 de janeiro de 2016

Toyota / Overdrive

No Dakar de 2016 havia vários favoritos para a vitória, e junto com os Minis da X-Raid que tinham vencido em 2015 tinhamos os Peugeot como a grande incógnita e as Toyotas que tinham andado bastante bem no ano passado.
Tudo começa com o fabrico do novo chassi
E depois montam-se os elementos da carroçaria
Pois é precisamente das Toyotas que vamos falar. Sem serem carros oficiais, isto é inscritos e desenvolvidos pela própria Toyota, as sete novas Toyota Hilux inscritas este ano estavam divididas por duas estruturas embora no terreno operassem juntas. A Sul Africana Hallspeed gerida por Glyn Hall e que é a estrutura oficial da Toyota para África fazia alinhar o Giniel De Villiers, Yazeed e Leeroy Poulter, por outro lado a Belga Overdrive, que faz correr na Taça do Mundo as Toyotas alinhava com Marek Dabrowsky, Bernhard Ten Brinke, Christian Lavieille, Vladimir Vasilyev e Martin Prokop sob os comandos de Jean-Marc Fortin.
O motor Lexus V8 de 5000 cm3
Já na Argentina a preparar para as verificações
Vamos acompanhar na estrutura da Overdrive o carro de Vladimir Vasilyev, vencedor da taça FIA 2015 e de que o português Rui Correia faz parte da equipa que o assistiu. Depois de serem montadas nas intalações da Overdrive na Bélgica, onde o chassi tubular que foi desenvolvido na Hallspeed, mas que agora também já é fabricado na Overdrive assim como os componentes da carroçaria todos eles feitos em carbono. Este ano a Toyota é motorizada pelo fabuloso motor Lexus (ISF) V8 com 5.000 cm3 e com uma potência entre os 350 e 400 HP muito perto do motor de série, isto para fazer face ao restritor de 37 mm obrigado a ser montado pelos regulamentos FIA. Para transmitir a vida deste motor ao chão, uma caixa Sadev sequêncial de seis velocidades, com diferenciais Hallspeed/Overdrive e no inverso para a fazer parar, travões AP de seis pistons à frente e a trás. Este foi o cocktail encontrado para fazer um carro com ambições para discutir a vitória do Dakar.
Verificações do Dakar, o início da "guerra"
Depois de transportados para a Argentina, são-lhes montadas algumas partes que faltam na carroçaria e ficam prontos para enfrentar a primeira fase da prova, as verificações técnicas e documentais.
Depois das verificações é feito um teste final para ver se está tudo no local certo e pronto para enfrentar a grande "batalha" que se adivinha.
A "frota" da Overdrive depois das verificações, pronta para começar a prova
A Toyota de Ten Brinke  antes ...
... e depois de consumida pelo fogo.
Agora no terreno a Overdrive tem uma equipa com um chefe e os mecânicos para cada carro, embora quando se monta a estrutura esteja como é lógico todos juntos na mesma área que se cria com os camiões de transporte de material, as carrinhas que deslocam os mecânicos e todos os restantes componentes do imenso staf que acompanha a equipa Overdrive. Portanto a nossa atenção centrasse na Toyota #307 com o apoio da G-Energy do russo Vasilyev que depois dos bons resultados nos Dakares anteriores espera fazer uma boa prova.
O prólogo até começa bem para a Overdrive, pois Ten Brinke ganhou sendo a primeira boa surpresa da prova, mas o sonho tornou-se num pesadelo quando no dia seguinte a bela Toyota seria totalmente consumida pelo fogo durante a prova.
Aí está o "nosso" carro prontinho para começar.
E o Rui Correia também pronto
Vladimir em prova numa zona de água e pedra
A prova com todos os problemas que teve ao principio de etapas anuladas devido ao mau tempo, grandes chuvadas apanharam a "caravana do Dakar" desprevenida e obrigou a organização a anular alguns sectores cronometrados, depois foi a surpresa (ou não) chamada Peugeot a dominar no início, mas o grande problema foi a altitude, pois nas etapas feitas na passagem para a Bolívia com altitudes acima dos 4.000 metros, enquanto os motores turbo não perdem potência, mas nas Toyota atmosférica o grande motor tinha dificuldades em "respirar" o que se traduzia numa perca de potência assinalável.
Aqui numa zona de areia 
Realmente o Dakar é uma prova mesmo muito dura, basta dizer que os pilotos fizeram cerca de 9.000 kms, sendo 4.600 Kms de percursos cronometrados e nos mais variados tipos de piso e condições.
E era assim que chegava à assistência
Mas as assistências também sofrem tanto, ou talvez me atreva a dizer mais, pois como vamos poder ver pelas fotos mais à frente, por exemplo a carrinha da equipa do Rui Correia fez a linda soma de mais de 7.000 Kms em estradas ou alagadas pelas chuvas, ou cheias de pedras ou de areias, temperaturas de 40º e depois negativas à noite e com um ritmo de trabalho simplesmente diabólico.
Com uma boa lavagem parece uma carrinha nova.
Depois de montada toda a zona de assistência, descansava-se um pouco, se houvesse tempo para isso, enquanto não chegava o carro.
Chegado e depois de se ouvir o que a equipa tinha para dizer, começava a dura luta de pôr um carro novo para o outro dia. Quando esse trabalho acabava e havendo tempo, voltava-se a descansar até à hora de partida quando se acompanhava o carro até ao local da partida. Logo que partiam a equipa de mecânicos fazia-se à estrada para a próxima assistência. Entretanto outros membros do staf já tinham desmanchado tudo para se ir voltar a montar na próxima assistência. 
E começa a guerra
As estradas que se têm que fazer, além de abertas ao público o que naquela zona do globo é sempre um problema, nem sempre eram as melhores pelo que os kms custavam a passar e o relógio não parava.
Também as assistências andaram em alturas muito pouco recomendáveis, que provoca sempre alguns problemas de respiração.
As palavras do piloto sobre o estado do carro
Aperta-se daqui, desaperta para tirar dali ...
A prova como se sabe foi dominada pela Peugeot que é uma equipa oficial com todos os meios e mais alguns à sua ordem, além de ter um carro fabuloso, mas as Toyotas conseguiram chegar, quase todas, ao seu destino final. Pela Hallspeed o De Villiers conseguiu mesmo no fim ir buscar o último lugar do pódio e o nosso carro apesar de alguns contratempos conseguiu chegar no top dez, mais precisamente em oitavo.
Agora vêm um período de descanso para todos e depois o novo ataque a Taça FIA 2016. 
Os camiões com o material
Quando, e se calhar não tardará muito, a Toyota der um outro apoio mais efectivo as Toyota Hilux estarão de certeza na luta para a vitória no Dakar, disso não restam dúvidas.

A assistência montada com o staf todo
Deixo-vos com a sequência das fotos das assistências, dos caminhos percorridos pelos mecânicos e por fim o "gozo" da chegada.
Agradeço ao Rui Correia a cedência das fotos e as dicas para esta crónica, para o ano voltamos Rui e quem sabe com ... um outro bom lugar.



















E depois de tudo isto, passar pelas estradas que mostrámos, andar a 4.170 metros de altitude, ter feito 7.219 kms e guiado 126 horas e 13 minutos a uma média de 57 Km/hora, a maior compensação para estes homens é isto ...


... e não tenho dúvidas que estes homens são os heróis ocultos do Dakar, porque não é uma questão salarial é uma outra coisa muito mais importante que é o amor e a dedicação pela competição, é o poderem dizer e sentir no fim aqui no pódio ... um bocadinho deste sucesso, também é meu !!!

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