segunda-feira, 9 de maio de 2016

Greve na formula 1

No fim da época de 1981 e antes do primeiro grande prémio de 1982 a FIA resolveu introduzir novas cláusulas que imprimiu em letras muito pequenas nas super-licenças que os pilotos iam assinando e levantando sem dar por nada.
Reunião de pilotos antes dos treinos livres
Quando da realização do primeiro GP da época na África do Sul, em Kyalami o recém regressado à F1 após dois anos de ausência, Niki Lauda viu as novas cláusulas e alertou de imediato o presidente da GPDA (associação de pilotos de grande prémio) o piloto Didier Pironi que também de imediato reuniu e alertou todos os pilotos para as novas cláusulas, que basicamente deixavam os pilotos nas mãos dos chefes de equipa, pois impediam que durante a época pudessem guiar para outra equipa ou tomar qualquer atitude que pudesse ser interpretada como prejudicial à imagem da equipa.
O autocarro arranjado à pressa para levar os pilotos
Ecclestone (FOCA) e Balestre (FIA) os homens fortes
Alguns pilotos dormindo em colchões no salão
A decisão de partirem para uma greve foi imediata, como também foi quase de imediato que os pilotos entraram todos num autocarro a abalaram para o Sunnyside Park Hotel, bem longe do circuito onde ficaram instalados num salão a aguardar pelas comunicações de Pironi que por sua vez ficou em Kyalami a negociar com Jean-Marie Balestre, para enorme desespero dos chefes de equipas, em particular de Frank Williams e Bernie Ecclestone este também presidente da FOCA (associação construtores de formula 1).
Nelson Piquet era dos pilotos mais revoltados com a FIA
Os "crackes" da bola refressam de uma peladinha
Os pilotos faziam de tudo para "matar" o tempo, enquanto Pironi enfrentava uma batalha enorme para abolir as ditas cláusulas, mas estava confiante por ter os seus colegas unidos e longe, fora de possíveis pressões dos chefes de equipa. A tal unanimidade dos pilotos, infelizmente não se manteve pois Jochen Mass que desde a primeira hora não estava de acordo com a greve, abandonou os pilotos e regressou ao circuito e à sua equipa. Mais tarde durante a noite alegando que ia ao wc, Teo Fabi também "desertou" mas os restantes dos pilotos estavam unidos.
Elio de Angelis ao piano
O tempo era passado com as tradicionais "peladinhas" e com os soberbos concertos de piano dados por Elio de Angelis que tocava como um profissional, e por um Villeneuve transformado em cantor, a interpretar as músicas de Scott Joplin.
Pironi presidente da GPDA foi o grande negociador 
Finalmente a partida do GP África do Sul 1982
Mas longe dali as negociações estavam difíceis levando a FIA inclusive a ameaçar anular a corrida e fazer outra uma semana depois com novos pilotos. Só na manhã dos treinos cronometrados as duas partes chegaram a bom porto, com a FIA a abolir as novas cláusulas e com os pilotos a voltarem para fazer o que mais gostam ... guiar e depressa.
Ainda houve alguma tensão no regresso dos pilotos com o inconformado Ecclestone a obrigar Piquet a um exame médico e a pôr os dois carros com o #2 dando a entender que Piquet não correria. Foi preciso Pironi voltar a ameaçar com a greve para tudo voltar ao normal ... ou quase.
Alain Prost viria a vencer o grande prémio
Arnoux fez a pole, seguido de Piquet e Villeneuve. No dia seguinte a corrida acabaria por ser ganha por Alain Prost depois de ter furado, seguido de Reutemann e Arnoux.
Depois da prova, a FIA suspendeu todos os pilotos, menos os dois fura-greves, e obrigou-os a pagar uma multa para recuperar a super-licença mas claro sem as malditas cláusulas.

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