sábado, 2 de abril de 2016

O taxi de Estocolmo

Hoje ao voltar a ver dois Volvos oficiais numa corrida de turismos (WTCC), lembrei-me das grandes corridas que vi do Campeonato da Europa de Turismos nos anos oitenta, com os BMW 635 CSI, BMW M3, Ford Sierra Cosworth, Rover Vitesse 3500, Jaguar XJS e o mais improvável dos carros ... o Volvo 240 Turbo.
Este o Volvo 240 Turbo Evo 500 que deu inicio ao carro de competição
Em 1981 a Volvo olhando para os seus modelos, que graças à fama que tinham em segurança e durabilidade se vendiam muito bem por essa Europa fora, viu no modelo 240 Turbo que tinha aproveitado o bloco de 2.100 cm3 do motor aspirado, para montarem um turbo Garrett T3 que lhes deu logo uns "simpáticos" 155 HP com 195 Km/h de velocidade de ponta e 9 segundos de 0 a 100 (motor B21ET), como uma boa base para as corridas. Aproveitando as novas regras da FIA para o grupo A em que dizia que se fossem vendidas 5.000 unidades de um determinado modelo homologado, pode homologar uma série especial de 500 unidades, mas que teriam que comprovar a sua venda.
Volvo 240 Turbo Evo 500 já em pista e a dar que fazer a muita gente.
Assim agarrando no 240 Turbo fizeram os 500 exemplares dos 240 Turbo Evo 500 em que acrescentaram um turbo maior, injecção de água no colector de admissão, uma nova injecção Bosch K-Jetronic, uma discreta asa traseira e umas jantes BBS, dessa "explosiva mistura" resultou um carro com 300 HP e 260 Km/h de velocidade de ponta com a pressão do turbo a 1.5 bar que viria "arrancar os cabelos" a muita boa gente.
Brancatelli / Lindstrom Campeões Europeus em 1985

1986 com a RAS Sport não conseguiram o título
Logo em 1984 com a dupla Gianfranco Brancatelli e Thomas Lindstrom ganharam 3 provas, sendo os carros preparados na Suécia pelo departamento de competição da fábrica. 
Em 1985 a Volvo resolve entregar a um preparador exterior à fábrica a equipa oficial, e assim os suíços  da Eggenberger ficaram a assistir a dupla de pilotos do ano passado, que dominou por completo o campeonato arrebatando no fim do ano o título Europeu de 1985.
António Rodrigues foi Campeão em Portugal no ano de 1986
Em 1986 a Eggenberger foi aliciada para um novo projecto com a Ford e os Sierras Cosworth 500, deixando assim os "taxis de Estocolmo" entregue aos belgas da RAS Sport que viram aparecer nos Volvos novos nomes como Johnny Cecotto, Ulf Grauber e Anders Olofsson, para mais um ano de domínio, mas que infelizmente não se traduziu em título por serem desclassificados em duas corridas por causa de gasolinas não homologadas.
DTM 1985 vitória de Anders Olofsson
Nesse ano de 1986 a "praga" dos Volvo 240 turbo Evo 500 já estava espalhada e a ganhar em vários campeonatos, na Nova Zelândia com Mark Petch na Austrália com John Bowe e Francevic, na Alemanha com Anders Olofsson e
por Portugal passaram dois Volvos 240 Turbo Evo 500 entregues a António Rodrigues e ao jovem que tinha vencido o campeonato de iniciados Artur Mendes.
António Rodrigues conseguiu ser Campeão Nacional em 1986 e ser vice-campeão em 1985 e 1987.
No fim do ano de 1986 a Volvo resolveu, depois dos problemas com as duas desclassificações, abandonar as competições alegando também que o 240 Turbo Evo 500 já tinha cumprido a sua missão.
Ficará para sempre a controvérsia à volta deste modelo que por não ser um "puro sangue" de aerodinâmica sempre foi "desdenhado" pela concorrência. Nomes como "o taxi de Estocolmo", "o tijolo Sueco" e a célebre frase que Tom Walkinshaw mandou colar na traseira dos Rovers 3500 da TWR "real men don´t drive Volvo" atestam bem os "inimigos" que este modelo arranjou.




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