domingo, 14 de dezembro de 2014

Gilles Villeneuve

Este é um dos homens que marcou a formula 1 para sempre. Não se fala de formula 1 sem se falar de Gilles Villeneuve, nem se fala de Villeneuve sem se falar de formula 1, apesar de apenas ter 6 vitórias em 68 corridas.
O formula Ford com que começou
Este canadiano que nasceu numa pequena localidade Richelieu, no Quebec, começou nas "actividades motorizadas" no snowmobil (tipo de mota de água para a neve) onde granjeou imensa fama, e bons resultados com bons retornos monetários. Foi Campeão do Mundo em 1974 e inclusive chegou a "amealhar" dinheiro no snowmobil para custear o principio da sua carreira nos automóveis. Talvez a sua facilidade em andar em pisos escorregadios, ou sempre muito atravessado, venha dessa escola do snowmobile.
A família quase sempre presente nas
corridas, aqui o filho Jacques no F1
Gilles tinha um conceito de família muito engraçado, pois quando começa a sua aventura nos automóveis, na época das corridas com uma motor-home levava  a família sempre com ele, tradição que manteve, sempre que possível, na Europa com a formula 1. 
Formula Atlantic
Num formula Ford, com dois anos, conseguiu ganhar sete das dez corridas do campeonato correspondente. Deu o passo seguinte que foi a então formula Atlantic onde se manteve até ao ano de 1977, ano em que ganhou todas as corridas do campeonato, sendo como é lógico Campeão do Canadá e do EUA.
1977 estreia na F1 com McLaren
Tal feito levou a McLaren a convida-lo para fazer cinco provas de formula 1 nesse ano, com um terceiro carro na equipa um M23 enquanto os seus colegas Hunt e Mass corriam com os novos M26. Os tempos foram muito animadores, mas a sua exuberante condução acabou em dois violentos acidentes.
Teddy Mayer, patrão da McLaren, não o reconduziu para o ano de 1978, por causa dos prejuízos causados nas anteriores corridas.
GP França ficará para sempre na
memória de quem vê formula 1
No entanto o multimilionário canadiano Walter Wolf, para quem Gilles já tinha guiado, recomendou-o à Ferrari, e quando do encontro com o Comendador Enzo Ferrari, digamos que foi amor à primeira vista, pois Enzo Ferrari mais tarde diria que quando viu Gilles, foi como rever Nuvolari pelas suas semelhanças físicas. 
Depois de uns testes na pista privada da Ferrari em Fiorano, Gilles ainda fez os dois últimos grandes prémios da temporada de 1977 e assinou para 1978.
Ferrari 312 T 5
No ano de estreia com a Ferrari para uma época completa, não foi por certo os resultados esperados. O contrato assinado entre a Ferrari e a Michelin que se estreava em formula 1 com pneus radiais, uma inovação na competição, levou tempo para serem competitivos, pelo que a época foi um fracasso, levando com que Carlos Reutemann saísse no fim do ano.
O Ferrari 126 C2 seria o seu último F1
Em 1979 entra para a equipa Ferrari o sul africano Jody Scheckter que seria no fim do ano Campeão do Mundo e Gilles é segundo a quatro pontos. Villeneuve poderia nesse ano ter sido ele o campeão não fossem algumas desistências. Ficam as três vitórias em GP. Nesse mesmo ano ficará para sempre na memórias de todos, as três últimas voltas do GP de França, em que Gilles e René Arnoux se ultrapassaram dezenas de vezes, juntaram rodas com rodas, e deixaram o resultado suspenso até ao fim.
O Ferrari 312 T 5 com o seu motor boxer 12 cilindros não tinha a arquitectura ideal para aplicar o efeito de solo, fundamental para nesse ano de 1980 os "carros asa" serem competitivos. A temporada foi um verdadeiro desastre. De favorito ao titulo, o décimo segundo lugar final com seis pontos foi uma enorme desilusão.
Quando o corpo foi projectado
Em 1981 é um novo ano sobre todos os aspectos para a equipa Ferrari, apenas Gilles vem da época anterior. Novo carro 126C e um novo motor Ferrari, um V6 biturbo. Novo colega de equipa Didier Pironi. A temporada rendeu mais duas vitórias, sendo que uma delas foi no mítico Mónaco. 
Os restos do Ferrari 126 C 2
A sua última época, infelizmente, de formula 1 acontece no ano de 1982. A FISA nesse ano obrigou todas as equipas a novas regras para a gestão de gasolina, pelo que obrigou as marcas a grandes habilidades para gerir isso. Quando no GP San Marino os dois Ferraris comandavam destacados, com Gilles  em primeiro, a marca mandou abrandar para gerir o consumo de gasolina. Gilles abrandou significativamente o andamento, mas Pironi aproveitou e passou por ele. Perto do fim Gilles passa Pironi, pensando que aquela anterior ultrapassagem tinha sido ideia de Pironi para entreter os espectadores italianos. Depois de estar em primeiro voltou a baixar o ritmo conforme as ordens que a equipa tinha anteriormente dado. No entanto na última volta Pironi volta a passar e não deu a mínima chance a Gilles, ganhando a corrida. Claro que no fim da mesma o ambiente ficou bastante tenso, devido à  discussão entre os dois pilotos, levando com que Gilles ao sentir-se traído tivesse jurado que nunca mais iria falar a Pironi. O grande prémio seguinte, o da Bélgica, en Zolder, começou com um ambiente pesado entre os pilotos Ferrari. Os treinos cronometrados no dia 8 de Maio, ficaram marcados com a morte Gilles Villeneuve aos 32 anos.
O tal sistema de fecho, inovador dos capacetes GPA
Perto do fim dos treinos cronemetrados,  Gilles procurava melhorar o seu tempo. Com o último jogo de pneus, apanha Mass que seguia em marcha lenta. Ao chegar na chicane a perto de 230 Km/hora não consegue evitar entrar pela traseira do carro de Mass. O Ferrari voa cerca de 100 metros, antes de bater no solo e desintegrar-se. Gilles ao partirem-se os apoios dos cintos, sai projectado com o banco agarrado ao corpo, indo embater numa vedação cerca de 50 metros à frente. O grande problema foi que o capacete que Gilles usava, da marca GPA, tinha um sistema de fecho novo sem as tradicionais correias, que cedeu e quando o piloto fez aquele voo de 50 metros para a morte, já lhe tinha saltado o capacete!!!
Transportado em estado muito grave, com respiração assistida para o hospital, foi diagnosticada uma fractura da cervical, pelo que foi mantido vivo com o suporte de vida, até à chegada da sua esposa, sendo a morte declarada pelas 21 horas desse mesmo dia.
O seu filho Jacques Villeneuve, veio a tornar-se piloto profissional, tendo ganho em 1994 nos EUA as míticas 500 Milhas de Indianapolis e o Campeonato CART. Em 1997 viria a ser Campeão do Mundo de Formula 1 pela equipa Williams.

Sem comentários:

Enviar um comentário